O vírus da Febre do Nilo Ocidental (FNO) foi descoberto em 1937 no continente
africano, chegando às Américas apenas no final do século XX, nos Estados Unidos. É
um flavivírus, assim como os vírus da Dengue, Febre Amarela e Zika. Seu ciclo
epidemiológico envolve aves silvestres, consideradas hospedeiras do vírus, e mosquitos,
principalmente os do gênero Culex. Humanos e equídeos também podem participar do
ciclo da doença, atuando como hospedeiros terminais. Em 2004 o vírus da FNO foi
relatado pela primeira vez na América do Sul, em cavalos na Colômbia e Venezuela, por
sorologia; no Brasil, desde 2008, vem sendo registrada a exposição de animas ao vírus
(aves e equídeos), com todos os casos humanos, identificado desde 2014, apenas no
estado do Piauí, Brasil. Tendo em vista que o ciclo epidemiológico ainda não foi
elucidado no Brasil, este trabalho teve por objetivo investigar a circulação da FNO em
aves, equídeos e vetores coletados no Piauí. Para tanto, foram realizadas coletas de
amostras de animais em todos os municípios que tiveram casos confirmados de
humanos ou mortalidade de aves, totalizando um esforço amostral de 1.389 amostras,
sendo 623 de aves, 420 equídeos e 346 pools de mosquitos. Todas as amostras foram
submetidas a extração de RNA, e em seguida a reação de transcrição reversa seguida da
reação em cadeia da polimerase com primers específicos para a FNO, porém nenhuma
das amostras analisadas amplificou, indicando que o vírus não estava circulando no
momento da coleta naqueles animais. Desse modo, apesar de outros estudos terem
identificado a FNO no país, nós sugerimos que a não detecção nesse estudo deve-se ao
tempo tardio entre a liberação do resultado da infecção em humanos e a data de
notificação em si, visto que esta demora impediu uma campanha de vigilância efetiva no
município do caso. Assim, sugerem-se estratégias que visem reduzir o tempo entre o
resultado humano e a ação de vigilância no local provável da infecção, além de
incentivar campanhas de educação e saúde, buscando sensibilizar um melhor
monitoramento e notificação de aves silvestres e/ou equídeos com sintomatologia
clínica, já que isso pode anteceder casos humanos.