A ovinocultura brasileira é uma atividade socioeconômica milenar e de grande importância para manutenção da renda e geração de emprego familiar. O Brasil é o maior produtor de ovinos da América do Sul, o que o torna um país estratégico para o controle de doenças infecciosas como o scrapie. Nesse sentido, o presente estudo buscou identificar as regiões dos estados brasileiros com maior risco de ocorrência de scrapie por meio de análises espaciais e espaço-temporais entre 2005 e 2021. A pesquisa de dados oficiais dos casos confirmados de scrapie em ovinos nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal (DF) entre 2005 e 2021 foram obtidos no banco de dados oficial do Sistema Nacional de Saúde Animal Informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Organização Mundial de Saúde Animal. Todos os casos de scrapie notificados no Brasil são monitorados pelos órgãos de defesa sanitária animal de cada estado, e todas as informações sobre surtos da doença são fornecidas em um banco de dados fornecido pelos órgãos de saúde animal de cada região ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Alimentos (MAPA). Foram coletados dados como número de animais positivos (variável dependente), ano de notificação e região (variável independente) dos casos notificados. No presente estudo, o scrapie foi notificado oficialmente em 74 casos em nove estados brasileiros entre 2005 e 2021. Entre todas as regiões brasileiras, o Sul com 54,06% (40/74), o Centro-Oeste com 28,38% (21/74) e o Sudeste com 16,21% (12/74) se destacaram com maiores frequências relativas no número de casos da doença. Entre os estados, Santa Catarina apresentou 35,14% dos casos notificados, e o risco de incidência (RI) foi de 91,9 por 100 mil ovinos. Os anos com maiores casos notificados foram 2012 (17 casos e RI = 2,11) e 2017 (16 casos e RI = 6,17). Houve a formação de um cluster primário no ano de 2017, formado apenas pelo estado de Santa Catarina, com risco relativo (RRs) = 313,97, e um cluster secundário formado pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Minas Gerais e São Paulo no período de 2006 a 2009, com RR = 27,92. Todos os estados com casos notificados partilhavam fronteiras, demonstrando a capacidade da doença de se espalhar através das fronteiras estaduais. A propagação do scrapie deve ser evitada no Brasil através da implementação de medidas de vigilância ativa.