A relação entre morcegos e tripanossomatídeos é complexa e varia de acordo com as
espécies de morcegos e parasitos envolvidos. Os morcegos podem abrigar esses parasitos em
seus sistemas sem sofrerem consequências negativas. Além disso, eles desempenham um
papel importante na disseminação e na manutenção desses parasitos em populações de vetores
e outros hospedeiros. Neste estudo, nosso objetivo foi verificar a presença de
tripanossomatídeos em morcegos no Estado do Piauí e Maranhão. Coletamos amostras
sanguíneas dos morcegos usando redes de neblina em quatro cidades amostrais: Teresina,
Altos, Floriano e no povoado Campo Grande na zona rural do município de Timon – MA. As
amostras foram mantidas em --20°C para análise molecular. Para as análises moleculares,
utilizamos os iniciadores (Primes) S4 e S12, que amplificaram um fragmento de 520pb do
DNA alvo. Em seguida, esse fragmento de 520pb foi usado como molde para uma segunda
amplificação (Nested PCR) com os primes S17 e S1, amplificando um fragmento menor de
480pb. Foram capturados um total de 46 morcegos, pertencentes a 09 espécies. Em todas as
áreas amostradas, foi constatada a infecção por tripanossomatídeos. Dos morcegos analisados,
25 estavam positivos para tripanossomatídeos, com maior prevalência no município de
Floriano, onde todos os animais capturados estavam positivos, em comparação com o
ambiente silvestre. Esses resultados sugerem que os morcegos não devem ser descartados
como possíveis portadores de tripanossomatídeos, e sua participação nos ciclos enzoóticos
desses parasitos é relevante. A presença desses parasitos em morcegos pode ter implicações
importantes na ecologia desses organismos, mas ainda há muito a ser compreendido sobre o
papel dos morcegos na preservação dos ecossistemas relacionados a esses parasitos.