O bisfenol A [2,2-bis (4hidroxifenil) propano, BPA], um dos desreguladores endócrinos, é objeto de grande preocupação devido ao uso generalizado em todo o mundo. Diversos estudos têm demonstrado que o BPA apresenta efeitos tóxicos quando ingerido, tornando o contato dessa substância um fator de risco para o desenvolvimento de distúrbios em diversos órgãos, dentre eles, o intestino e o tecido linfóide associado ao mesmo. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi analisar os efeitos da suplementação com selênio (Se) no tecido linfóide associado ao intestino após a exposição ao BPA em modelos murinos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da UFPI, com o
protocolo número 583/19. 28 ratos Wistar (Rattus novergicus albinus) filhotes machos foram divididos aleatoriamente em 4 grupos: Controle (CT), BPA, Se e BPA+Se. O desmame dos filhotes foi realizado no 21º dia e, a partir do dia 22 pós-natal, os animais do grupo BPA receberam doses diárias de 5 mg/kg de
BPA diluída em 0,3 ml de óleo de milho, administradas por via oral. O grupo Se recebeu 10 μg/kg de Se, o grupo BPA+Se recebeu 5 mg/kg de BPA e 10 μg/kg de Se e o grupo CT não recebeu nenhuma substância, porém passaram pelo processo de gavagem oral. Durante o experimento, os animais e a ração ingerida foram pesados diariamente. Após 4 semanas de exposição, os filhotes foram anestesiados e eutanasiados para coleta do intestino e posterior análise histológica, imunohistoquimica e morfometria. O ganho de peso final foi significativamente maior nos animais do grupo BPA em comparação ao grupo
CT. O grupo BPA+Se não apresentou diferença dos grupos BPA e Se, com uma pequena diminuição no ganho de peso promovida pelo Se, o que é semelhante a outros estudos. A quantidade de ração ingerida durante todo o estudo não foi significativamente diferente entre os grupos. Assim, o BPA foi capaz de afetar o ganho de peso corporal, mesmo sem alterar a ingestão alimentar, além de ter exercido um efeito tóxico sob as placas de Peyer. A análise histológica revelou danos na camada epitelial das placas de Peyer, bem como na região folicular da mesma. Também foi observado uma redução da
expressão por ki – 67 das placas de Peyer no grupo BPA, bem como uma redução significativa nos números de células de defesa no mesmo. Além disso, o Se foi capaz de reverter os danos observados, sugerindo um potencial antioxidante.