A presente pesquisa busca analisar, dentro do recorte temporal de 2008 a 2024, como o excedente de capital chinês exerce uma força motriz para a incorporação, dinamização e modernização territorial do Brasil e da fronteira agrícola MATOPIBA – composta por frações territoriais Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – vinculadas a exportação de commodities brasileiras e a importação de produtos industrializados de alto valor agregado e de investimentos chineses. A discussão sobre a incorporação do Brasil, em especial da fronteira agrícola MATOPIBA, à lógica da “geopolítica chinesa” nos leva a seguinte pergunta norteadora: A atual dinâmica do Brasil, em especial a particularidade da fronteira agrícola MATOPIBA, pode ser considerada um reflexo da política e do comércio exterior derivado da China pós-crise de 2008? A hipótese do trabalho é que as frações territoriais das unidades federativas brasileiras são redirecionadas – produtiva e economicamente – para corresponder às necessidades chinesas, impulsionando e modernizando as atividades das fronteiras agrícolas, como no caso do MATOPIBA. Optamos aqui por uma pesquisa qualitativa, tendo em vista a possibilidade da investigação qualitativa em empregar “[...] diferentes alegações de conhecimento, estratégia de investigação e métodos de análise de dados [...]” (Creswell, 2007). A pesquisa operacionaliza-se, em um primeiro momento, a partir da reflexão sobre a aproximação da China com a América Latina, e logo após, partimos para uma análise documental dividida em 3 eixos: No eixo 1, buscamos desenvolver uma caracterização das trocas comerciais entre o Brasil e a China, particularizando a importância que as trocas comerciais têm para as empresas e para o rendimento dos estados nacionais. No eixo 2, buscamos traçar uma leitura possível que possibilite compreender a particularidade do “Cerrados do Centro-norte” enquanto região produtiva inserida na lógica da “geopolítica Chinesa”. Por fim, no eixo 3, buscamos identificar os financiamentos de projetos, e a participação chinesa direta, na modernização e desenvolvimento da região que compõem a fronteira agrícola MATOPIBA. O que se percebe até o momento é que o Brasil e o MATOPIBA seguem a lógica normal da relação desenvolvida pós anos 2000 entre China e América Latina, que se baseiam na exploração de matérias primas e recursos energéticos – necessidades básicas para a manutenção do crescimento estável chinês – e na expansão dos negócios chineses, seja através da venda de produtos de alto valor agregado ou através de investimentos financeiros.