A Citogenética estuda o cromossomo isolado ou em conjunto, condensado ou distendido, quanto à sua morfologia, organização, função, variação e evolução, sendo amplamente empregada na investigação cariotípica de espécies vegetais. Dentro da abordagem citogenética clássica, destacase o bandeamento por fluorocromos CMA/DAPI, que identifica regiões de heterocromatina constitutiva (HC) ricas em GC e AT, respectivamente, variáveis entre e dentro espécies. Desde o seu desenvolvimento, na década de 70, a FISH (Fluorescent in situ Hybridization) é a técnica mais sofisticada e informativa da citogenética, que utiliza uma gama de sondas que permitem identificar in situ regiões cromossômicas de interesse, ampliando, assim, os estudos dos cariótipos de forma mais detalhada. Dentre as sondas utilizadas, destacam-se os sítios de DNA ribossomal (DNAr) 5 e 35S e as sondas baseadas em oligonucleotídeos (oligo-FISH), como o código de barras. Além disso, estudos citogenéticos são suportados por dados de tamanho do genoma e análises filogenéticas. Assim, os estudos citogenéticos são valiosos no conhecimento da caracterização da diversidade genética, diversificação, especiação e evolução das espécies de plantas. Nesse contexto, destacamse os gêneros Mimosa L. e Solanum L. Mimosa (Leguminosae) compreende cerca de 500 espécies predominantes nos biomas brasileiros Cerrado e Caatinga, amplamente utilizadas como antiinflamatório na medicina tradicional, além de serem empregadas na produção de mel, celulose e recuperação de ambientes degradados. Apesar da sua reconhecida importância, estudos citogenéticos são escassos e até mesmo inexistentes no gênero, sendo majoritariamente restritos à contagem cromossômica. Já Solanum (Solanaceae) possui cerca de 1.500 espécies com ampla distribuição mundial. Esse grupo é importante socioeconomicamente pela comercialização de hortaliças amplamente estudadas, como a batata, a berinjela e o tomate. Além disso, possui uma diversidade de espécies silvestres com potenciais farmacológicos, nutricionais e ambientais. Essas espécies silvestres são, contudo, negligenciadas cientificamente, especialmente sob o aspecto citogenético. Diante disso, esse estudo visa realizar uma caracterização citogenética comparativa entre as espécies do gênero Mimosa e entre as espécies do gênero Solanum, mediante abordagens citogenéticas clássicas e moleculares, suportadas por dados de tamanho do genoma. Em Mimosa, investigamos, pela primeira vez, dez indivíduos de sete espécies diploides e poliploides, mediante citogenética clássica e molecular combinada ao tamanho do genoma. Até o momento, foi observada uma ampla variação intra- e interespecífica quanto ao número e distribuição de bandas de HC, além de uma variação de 2,10x do conteúdo de DNA dentro do gênero. Adicionalmente, nós observamos que a poliploidia e polissomatia parecem ser eventos comuns na história evolutiva dos genomas de Mimosa analisados. Em Solanum, por sua vez, foram analisadas citogeneticamente dez espécies diploides e poliploides distribuídas em diferentes grupos e clados primários e secundários, além de cinco variedades de S. lycopersicum, sob uma perspectiva filogenética. Nossos dados mostram uma distribuição de blocos de HC similar entre espécies pertencentes a um mesmo clado secundário; entretanto, o mesmo não é válido quando comparamos os grupos maiores. É necessário, portanto, dar continuidade aos nossos estudos, ampliando o número de espécies e de técnicas citogenéticas que permitirão identificar, com maior riqueza de detalhes, as diferentes frações de DNA repetitivo, a macrossintenia, os rearranjos cromossômicos e as sequências cópia-única que compõem o genoma dessas leguminosas e solanáceas economicamente importantes.