Este trabalho apresenta novas descobertas sobre a qualidade nutricional de cultivares de feijão-caupi biofortificadas e não biofortificadas recentemente introduzidas, bem como de alguns feijões comerciais. As cultivares foram analisadas nas formas crua e cozida onde, em ambas, foram medidas as concentrações dos elementos Fe, Zn Cu, Mn e Mg. Nas amostras cruas foram medidas ainda a concentração de compostos fenólicos totais e a composição centesimal. A técnica de ICP-MS foi utilizada para as medições das concentrações dos elementos. Cultivares de feijão-caupi biofortificado apresentaram altos níveis de Fe e Zn indicando que são fontes ricas destes micronutrientes. O protocolo de digestão in vitro possibilitou a avaliação simultânea dos teores bioacessiveis e biodisponiveis dos elementos estudados. Os níveis de Fe em cultivares de feijão-caupi biofortificada e não biofortificado foram ca. 2,5 vezes maior em relação aos feijões comerciais. Para o elemento Zn, as cultivares de feijão-caupi apresentaram 50% de bioacessibilidade e 44% de biodisponibilidade. O feijão-caupi cozido biofortificado apresentou alta biodisponibilidade de Zn, com valores acima de 60%. O consumo de 50 g da cultivar biofortificada Aracê contribuiria com 27% e 48% de Fe e Zn, respectivamente, na ingestão diária recomendada para crianças de 1 a 3 anos. A concentração de manganês nas cultivares biofortificadas foi maior em comparação ao feijão comercial e a bioacessibilidade foi de ca. 52% superior. Além disso, a concentração de magnésio foi maior, atingindo valores acima de 50% de bioacessibilidade e 21% de biodisponibilidade. O cozimento melhorou a disponibilidade de minerais nas cultivares biofortificadas. Além disso, as cultivares de feijão-caupi avaliadas apresentaram alta concentração de lipídios e valores energéticos. Os compostos fenólicos nos grãos são altamente polares. Avaliando as interações, encontraram-se correlações sinérgicas desconhecidas entre cobre e magnésio e entre manganês e o conteúdo lipídico. A correlação antagônica de cobre e manganês com zinco explicam sua concentração limitada no feijão-caupi biofortificado. A análise de PCA discriminou as cultivares de feijão-caupi e feijão comercial, indicando a prevalência dos efeitos da biofortificação. As novas cultivares biofortificadas de feijão-caupi possuem carga nutricional compatível com as demandas da dieta humana, representando uma fonte potencial para melhorar o status de Fe, Zn e Mn em grupos onde a deficiência de micronutrientes é prevalente.