O objeto desta dissertação é a articulação do trabalho do CRAS e CREAS para o atendimento de famílias que enfrentam situações de vulnerabilidade social, risco e violação de direitos. Tem como objetivo geral analisar os fluxos de serviços/processos de trabalho da equipe técnica do CRAS Norte II e do CREAS Norte, quando do encaminhamento de situações de risco ou de violação de direitos identificadas tanto na proteção social básica quanto na proteção social especial em seu território de referência, visando o atendimento de pessoas e famílias a partir do acesso a serviços em um nível de maior complexidade e vice-versa. Os objetivos específicos são: a) Analisar a capacidade técnico-operativa e os processos de trabalho do CRAS Norte II e CREAS Norte de Teresina no que se refere a estrutura física,
recursos humanos, oferta de serviços e atividades desenvolvidas, discutindo-se as condições para a realização das intervenções em seu território de referência; b) Investigar os riscos de violações de direitos vivenciados por indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social no território gerido pelo CRAS Norte II, decorrente do agravamento das desigualdades etárias, geracionais, de renda e de gênero; c) Examinar as estratégias utilizadas pela equipe técnica do CRAS Norte II e do CREAS Norte, quando do encaminhamento de situações de risco ou de violação de direitos identificadas por um nível de menor complexidade e vice-versa em seu território de referência, visando o atendimento de pessoas e famílias em um nível de maior complexidade e vice-versa. A metodologia utilizada consistiu em estudo bibliográfico e documental e pesquisa de campo realizada nos CRAS e CREAS de Teresina, visando examinar a articulação do CRAS com o CREAS no sentido da realização das intervenções junto às situações de risco ou violação de direitos identificados, tendo como base a experiência do CRAS Norte II e do CREAS Norte em Teresina-PI no período 2017-2019. Assim sendo, o estudo bibliográfico teve como base, dentre outras, as contribuições dos seguintes autores: Aguiar (1982), Alencar Júnior; Salvador (2015); Behring;Boschetti (2011); Bonfim (2009); Braga (2017); Cardoso (2013); Castel (1998); Cerqueira Filho (1982); Corrigan (1981); Couto (2010); Dagnino (2014); DRAIBE (1993); França (2018); Freitas (2016); Guimarães (2018); Iamamoto (2014); Jaccoud (2017); Mandel (1977); Mota (2010);
Netto (2011); Pereira (2001); Rodrigues; Freitas (2020); Santos (1979); Silveira (2011); Sposati (2017); Teixeira (2013 e 2016); Vieira (1983). Para a realização da coleta dos dados empíricos, utilizou-se como instrumento de pesquisa a entrevista semi estruturada através da aplicação de questionário com 10 (dez) profissionais e 10 (dez) famílias acompanhadas pelo CRAS Norte II e CREAS Norte, em Teresina. O estudo evidenciou que apesar da importância do trabalho social realizado pelos CRAS e CREAS junto às famílias, por si só estes não conseguem efetivar a proteção social formalmente assegurada no SUAS, considerando que as famílias que chegam a essas unidades encontram-se em situação de pobreza e/ou extrema pobreza agravada por outras vulnerabilidades e riscos sociais, cujas demandas apresentadas são bastante complexas, necessitando cada vez mais da interlocução entre os serviços socioassistenciais, bem como, da inclusão nos serviços intersetoriais ofertados por outras políticas públicas.