A expressão da questão social feminicídio é caracterizada pela misoginia, ou seja, pelo ódio à mulher e perpetuado em razão das desigualdades existentes entre homens e mulheres. Assim, o assassinato de mulheres ocorre por motivações de gênero, entretanto, as mortes por esta violência extrema estão concentradas entre a população feminina negra, que em sua maioria são as que menos conseguem ter acesso às políticas de proteção. Desde o início, em que os movimentos feministas se organizavam para as primeiras mobilizações no Brasil, foi transmutado o paradigma que considerava a violência doméstica como algo pertencente ao âmbito privado, havendo o deslocamento deste problema social para o âmbito público, assim, o feminismo constitui-se como um meio político de expor a dinâmica da conjuntura social, como forma de impulsionar a criação de políticas públicas. Sabe-se que a sociedade brasileira, fundada a partir do colonialismo, carrega até hoje a herança histórica da colonialidade, desse modo, o racismo e a desigualdade de classes impactam negativamente em relação aos casos de violência extrema de gênero, logo, é relevante a presença do feminismo negro nos espaços de poder, bem como nas instituições responsáveis pela formulação de políticas públicas, pois o uso da teoria interseccional faz-se com mulheres negras, a partir das vivências destas com a comunidade, assim ressalta-se a relevância de se produzir ciência a partir da militância feminista negra, como uma forma de descolonizar conhecimentos. Esta pesquisa poderá contribuir para a visibilidade e relevância do movimento feminista Frente Popular de Mulheres Contra o Feminicídio e para a criação de políticas públicas para as mulheres no enfrentamento ao feminicídio no Piauí.