A partir de 2016, o Brasil e a política de assistência social entraram num novo ciclo, de retrocessos e desmantelamentos postos pelo projeto ideopolíticos dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro de efetivação do ultaneoliberalismo, com retorno da política de austeridade fiscal e redução de gasto público nas políticas sociais. Em 2020, a crise econômica e depois a sanitária, agravou o desmonte das políticas públicas, refletindo diretamente na política de assistência social, que passou a sofrer desfinanciamento num contexto de contra reformas efetivadas e previstas na agenda governamental e do legislativo. As situações de violações de direitos, como violências contra crianças e adolescente, idosos e mulheres em contexto familiar, doméstico durante este cenário e da pandemia se ampliaram. Mas, com fim da emergência internacional da pandemia e as mudanças no governo federal renova as esperanças em torno do projeto democrático popular constitucional com a retomada do Partido dos Trabalhadores em 2023 para a presidência do país. Com a reorganização ministerial emerge as propostas de reestruturação do SUAS. Nesse sentido, entende-se que o cenário de reconstrução do SUAS traz aberturas e criação de estruturas ministeriais que envolve a diversidade, os direitos humanos e a retomadas dos serviços socioassistenciais pressupondo mudanças na inclusão social e de reconhecimento das diferenças e enfrentamento das desigualdades sociais, raciais e de gênero. Assim, o objetivo desta pesquisa é analisar o modus operandi do Trabalho Social com Famílias no âmbito da Proteção Social Especial de Média Complexidade, no Serviço PAEFI, executado pelos CREAS, no município de Teresina-PI, verificando se esta operacionalização trabalha com as desigualdades sociais, raciais e de gênero cujos imbricamentos tornam determinados grupos sociais mais vulneráveis às consequências destas desigualdades sociais e as repercussões do contexto de reestruturação do SUAS e do TSF no município. A tese que se defende é que o contexto de reconstrução do SUAS ainda não tem impactos claros sobre o TSF na proteção social especializada, em termos de inovação especialmente por causa dos limites da gestão municipal. Parte-se da premissa/hipótese que apesar da complexidade da problemática da violação de direitos e por causa desta, dentre outros fatores, o TSF na proteção social especializada e o acompanhamento das famílias ainda não extrapolou a dimensão afetiva, das relações interpessoais, e de cuidado no interior da unidade familiar, especialmente no caso daquelas em situação de risco pessoal e social, por violação de direitos, posto ser esta o eixo norteador da política, ancorada no fortalecimento de vínculos. Essa lógica continua reforçando o familismo e suas expressões contemporâneos denominada de neofamilismo. A pesquisa proposta se fundamentará no método materialista histórico-dialético, por considerarmos ser o único capaz de proporcionar uma investigação que ultrapassa o imediato, a aparência dos fenômenos ao permitir uma abordagem na perspectiva da totalidade social, da realidade como síntese de múltiplas determinações. Esse desvendamento da aparência ocorre mediante dialética singular, particular e geral, em que as particularidades determinantes ligam um polo o outro, superando sua aparente singularidade. A técnica de análise dos dados será o núcleo de significação, aplicação da técnica consiste em três etapas 1) Levantamento de pré-indicadores (Significados); 2) Sistematização de indicadores (Sentidos); 3) Sistematização dos núcleos de significação (Percepção do fenômeno em sua totalidade).