A presente dissertação trata dos usos e apropriações dos parques municipais na cidade de Teresina – PI, recuperando aspectos normativos das políticas públicas que embasam a criação e delineiam a gestão desses espaços, entendendo ter os parques obtido uma projeção significativa na vida urbana contemporânea, em face do declínio de espaços tradicionais de convívio e interação como as praças e as ruas. A pesquisa foi dirigida em particular para três parques de Teresina: o Parque Raul Lopes, o Parque Potycabana e o Parque Lagoas do Norte, em uma abordagem fundamentalmente qualitativa, adotando como técnicas a análise documental, observações in loco, entrevistas semiestruturadas com gestores e a aplicação de questionários junto aos usuários, no interior dos três parques. A análise dos documentos e abordagens de usuários ou gestores permitiu realizar aproximações substantivas no que concerne aos usos e à gestão, de forma a agregar maior apreensão quanto ao funcionamento dos parques em termos de público usuário, usos e apropriações desses espaços para práticas comerciais e culturais. Partimos do pressuposto de que os parques, malgrado as contribuições associadas ao componente ambiental e ao lazer urbano, apresentam uma dinâmica pautada na exploração de atividades comerciais e de consumo, mas, se revelando, em contrapartida,
capazes de contribuir para uma vida urbana menos reclusa e mais aberta ao convívio social, embora suas dinâmicas de uso e apropriações não fujam aos padrões segregatórios que configuram as cidades de modo geral, expressando-se na cena pública como espaços onde se fazem visíveis os marcadores de classe e a desigualdade socioespacial. Os resultados da pesquisa, indicaram a) o caráter desigual da cidade, com usos diversificados dos parques (lazer, entretenimento, atividades culturais, entre outras) e marcados pelo viés classista em face sobretudo das localizações dos equipamentos; b) o desafio de atuação intersetorialidade na gestão dos parques, já que envolve dimensões múltiplas ligadas ao esporte, entretenimento, meio ambiente, cultura, entre outros setores da gestão pública; c) a necessidade de maior envolvimento dos usuários na gestão dos parques, de forma a incrementar uma dinâmica participativa, o que caminha no contraponto ao que aparece como orientação política na gestão desses espaços e frente à perspectiva de repasse ao setor privado - via Parcerias Público Privadas -, das atribuições de gestão, o que imprime um caráter gerencialista e distante de um processo que possa favorecer a superação das desigualdades socioespaciais presentes na vida e nas práticas expressas nos parques.