Socialmente se constroem dois padrões binários de reprodução de performance de gênero, feminino e masculino baseados nos sexos biológicos macho e fêmea, as lésbicas que não performam a feminilidade comum, sapatonas caminhoneiras, fogem do padrão de binarismo para a performance feminina imposta, o que não significa dizer que não performam uma “feminilidade alternativa” (se pensarmos no feminino como uma categoria de representação da mulher) provocando abjeção de seus corpos nos espaços sociais, especialmente espaços de trabalho formal. Agrava-se quando pensamos em mulheres sapatonas caminhoneiras negras, tendo em vista que, segundo Sueli Carneiro (2011), as mulheres negras tiveram uma experiência histórica diferenciada, não sendo contempladas pelo discurso tradicional dos movimentos feministas, pautado hegemonicamente por demandas de mulheres brancas. O trabalho possui como objetivo analisar alguns obstáculos na relação entre lesbianidades e o acesso ao mercado de trabalho formal das lésbicas negras caminhoneiras, descrevendo suas principais ocupações a partir de suas performances e trajetórias sociais.