A tese investiga a atuação do Observatório Interamericano de Biopolítica (OIB), uma organização de direita que cria e dissemina campanhas antigênero no Brasil. O objetivo do estudo é analisar os repertórios utilizados pela organização para sustentar a negação do gênero como construção social e destacar sua atuação na esfera política brasileira. Criado por membros da Renovação Carismática, o OIB reúne pesquisadores politicamente engajados e socialmente conservadores que atuam para remodelar as políticas públicas. Têm-se como hipótese que o OIB atua como um think tank do movimento antigênero que se utiliza de informações pretensamente científicas para legitimar e disseminar suas causas. Revela-se que o grupo atua por meio de alianças com atores políticos que compartilham seu sistema de crenças. A pesquisa adota metodologias qualitativas e documentais. A Advocacy Coalition Framework (ACF) é usada como base teórica e metodológica para entender a dinâmica de ação de atores políticos motivados por suas crenças em contextos religiosos e laicos. Pretende-se, por fim, desvendar a importância e o papel do OIB na virada conservadora que atravessa a sociedade brasileira.