A questão habitacional é uma das expressões da questão social relativa à contradição inerente
do capitalismo, a saber: capital-trabalho. Neste contexto, a intervenção do Estado por meio de
Políticas Públicas expressa-se de forma contraditória, na medida em que atua na reprodução
da sociedade capitalista em sua totalidade. Atende à determinados interesses dos
trabalhadores dentro dos limites do capital. Esta lógica não é diferente nas Políticas
Habitacional, tal como pode ser constatado na implementação do Programa Minha Casa,
Minha Vida (PMCMV) instituído pelo Governo Federal em 2009 com o objetivo de reduzir o
déficit habitacional brasileiro e alavancar a economia. De uma maneira geral, as construções
dos conjuntos habitacionais pelo Estado ocorreram nas periferias da cidade, num espaço em
que o preço da terra urbana é mais barato e não nos vazios urbanos, onde existe melhor
infraestrutura urbana e equipamentos e serviços coletivos, produzindo um processo
denominado de segregação socioespacial. A experiência dos moradores nestes espaços não
apresenta apenas mudanças de ordem objetiva e concreta na cidade e para os trabalhadores
mais produz um impacto na sua forma de pensar, sentir e agir dos trabalhadores. Neste
sentido, esta pesquisa tem como objetivo analisar as implicações psicossociais da segregação
socioespacial promovida pelo PMCMV a partir da experiência de segregação socioespacial de
moradores do Residencial Teresina Sul I e II do PMCMV. Para tanto, foram caracterizados a
inserção do empreendimento na estrutura urbana da cidade de Teresina –PI e sua articulação
com as demais políticas setoriais. Neste sentido foram realizados um mapeamento com a
localização e distâncias assim como entrevistas com gestores 10 gestores ou profissionais da
educação, saúde e assistência social. Com o objetivo de analisar as experiências dos
moradores e suas implicações psicossociais tanto no movimento da consciência quando na
organização sociopolíticas foram realizadas entrevistas individuais ou em dupla com 12
moradores no total. As entrevistas foram analisadas dentro da perspectiva materialista
histórica –dialética, tendo como técnica o Núcleo de Significação. Os dados indicam que os
equipamentos públicos e serviços que atendem as necessidades dos moradores do Residencial
Teresina Sul I e II estão localizados em outras comunidades de forma que o poder público
implantou algumas estratégias como transporte escolar ou uma equipe da Estratégia Saúde da
Familia (ESF). Já a experiência dos moradores foram mediadas pela sua história de vida,
vínculos sociais e familiares, trabalho e emprego e emprego, excluindo-se o Trabalho Social
realizado. Embora realizam críticas à realidade em que vivem, o movimento da consciência
encontra-se estagnado sendo comum a presença do fatalismo. Com efeitos, possuem baixa
organização sociopolítica, com vestígios de resignação religiosa em alguns casos.