As desigualdades sociais e as violências têm relação com gênero, raça, classe e outras clivagens sociais relacionadas à opressão e à dificuldade de acesso a direitos. A interseccionalidade consiste em uma forma de relacionar as implicações da interação entre duas ou mais formas de opressão/subordinação. A pesquisa teve como objetivo verificar se a ideia do intercruzamento das clivagens sociais está presente na formulação de políticas públicas para mulheres no Município de Teresina/PI e como ela foi introduzida, ainda que o conceito desse fenômeno não esteja previsto formalmente na implementação dessas políticas. Esta pesquisa foi desenvolvida a partir de uma revisão sistemática da literatura sobre gênero e interseccionalidade, pela análise de conteúdo desenvolvida sobre o I Plano de Políticas para Mulheres em nível municipal e a Síntese do Diagnóstico sobre a Situação da Violência contra a Mulher em Teresina, bem como sobre legislação municipal sobre os direitos das mulheres que guardam relação com o tema. Para testar a hipótese de que o feminismo estatal foi capaz de inserir demandas feministas nas políticas públicas, foram feitas entrevistas com quatro mulheres que estão à frente das políticas públicas de gênero no município de Teresina, captando a sua visão sobre interseccionalidade. Também foi utilizada a técnica da observação participante durante a realização da pré-conferência da IV Conferência Municipal de Políticas para Mulheres em Teresina. A pesquisa conclui que são fatores preponderantes para a defesa de direitos de grupos com menos acesso a eles, como é o caso das mulheres: a sensibilidade do representante do Poder Executivo a questões que envolvam gênero, raça e classe, associada a adoção de políticas antirracistas, a um feminismo estatal participativo e à atenção dada ao diálogo com os mais diversos movimentos sociais, bem como a realização de conferências.