O projeto de pesquisa visa abordar e analisar as políticas de emprego e renda no Brasil, centrando-se no papel contraditório que a política de crédito exerce em manter um equilíbrio instável, por meio da apropriação do Fundo de Amparo ao Trabalhador-FAT para subsidiar empresas da burguesia interna, com promessas de geração de postos de trabalho. Além do empréstimo ao trabalhador não absorvido pelo mercado laboral formal, sobre o qual se difunde uma nova racionalidade fundada na autonomia relativa do trabalhador como “empresa de si mesmo”, tendo como vetor políticas públicas (de microcrédito) que estimulam o empreendedorismo. Essa estratégia ganha força desde as últimas décadas do século XX, sob as bases políticas e ideológicas do neoliberalismo, nas suas diferentes versões e desvenda seus efeitos sobre as relações entre Estado e classes sociais, como mediação fundamental para o desenhos dessas políticas no Brasil, especialmente, a partir dos anos 1990, em que o neoliberalismo é implementado no país, com diferentes momentos de inflexão, desde os mais ortodoxo, heterodoxo (com aproximações com a social-democracia, mas sem ruptura com as bases neoliberais) e retorno da ortodoxia em bases antidemocráticas e de difusão de valores morais conservadores).