O feminicídio é um crime de gênero com motivação misógina, ou seja, ódio ao ser feminino. Mulheres são assassinadas simplesmente por serem mulheres, não tendo outra razão para tal. Além disso, na literatura criminal e nas pesquisas sobre o tema, o cenário definido para o seu acometimento é o ambiente doméstico, com cerca de 65,6% dos assassinatos de mulheres realizados em domicílio. Em razão disso, o crime ganha status de violência doméstica e familiar, cometido em 95% por aqueles que figuram como o ser masculino em suas vidas, podendo ter relações consanguíneas ou não (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA; FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2019). Todavia, é necessário dizer que as definições experienciais do crime variam a depender do contexto sócio-histórico-cultural. Como consequência disso, para além da criminologia, o crime ganhará ares políticos ao se unir com o conceito interseccional. Portanto, esta dissertação teve como objetivo analisar, a partir da interseccionalidade, como a cultura de gênero reverbera em um contexto de racismo e classismo sobre a investigação e a nomeação do crime de feminicídio em inquéritos no setor especializado no estado do Piauí.