Síntese e Caracterizações Elétrica e Térmica da Blenda: Polianilina/Goma do Cajueiro (Pani/GC)
Polianilina, Goma do Cajueiro, condutividade
Neste trabalho foram preparados filmes finos auto sustentados de Polianilina e da blenda Polianilina / Goma do Cajueiro ( PAni/GC ) em algumas proporções. A Goma é uma resina extraída da planta do cajueiro (Anacardium occidentale), árvore abundante na região nordeste do Brasil, principalmente nos estados do Piauí e Ceará. Os filmes foram caracterizados através das técnicas de espectroscopia de impedância elétrica e medidas elétricas em regime DC, ambas com variação de temperatura no intervalo de 30oC até 80oC, espectroscopia na região do Infravermelho - FTIR e por Análises Térmicas - TG e DSC. Os filmes de PAni e as blendas foram preparados pelo método convencional tipo “casting” após a síntese química da polianilina e a preparação das blendas deu-se com a incorporação da Goma ainda no processo de síntese da própria Polianilina. As medidas foram realizadas em materiais não dopados e dopados em ácido sulfúrico. Nas medidas de Análise térmica observou-se pouca alteração do comportamento térmico das blendas com relação à PAni pura, mesmo quando as amostras foram dopadas. As medidas de FTIR apresentaram diferenças entre o estado de oxidação das blendas e Pani, mas não foi possível verificar em nossos resultados uma forte interação química entre os constituintes das Blendas. Já as medidas elétricas de impedância AC e em regime DC, no geral, nos indicam que para as amostras não dopadas o comportamento elétrico desses materiais é típico de um material semicondutor, onde a condutividade elétrica aumenta com o aumento da temperatura. Além disso, quando se compara as medidas de condutividade da PAni pura com as blendas, observa-se que a condutividade tem uma pequena queda ao se incorporar a goma do cajueiro. Para as amostras dopadas ocorre o contrário, a condutividade elétrica decai com o aumento da temperatura, apresentando um comportamento tipo metálico, e quanto maior a quantidade de goma na mistura, maior a condutividade, alcançando um valor superior a 10-3 S/m para a amostra com maior quantidade de goma. O filme de PAni pura nesta mesma dopagem apresenta uma condutividade da ordem de 10-6 S/m. O modelo fenomenológico conhecido como “diagrama Cole-Cole” nos indica que tanto α (parâmetro de desordem) quanto τ (tempo de relaxação) dependem fortemente da dopagem e da temperatura de medida, e que a incorporação da goma na blenda também afeta esses parâmetros, indicando mudança na condutividade. As curvas de condutividade em função do inverso da temperatura (gráficos ln σ x 1/T) para as amostras não dopadas nos indicam que poderá está ocorrendo dois distintos comportamentos da condutividade independente da quantidade de goma na blenda, um na região de 30o a 50oC com energia de ativação em torno de 0,71 eV e o outro na região de 50o a 80oC com 0,48 eV, indicando que em 50oC deve estar ocorrendo uma mudança, provavelmente estrutural na PAni, devido à sua transição vítrea.