Moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) e seus parasitóides em diferentes genótipos comerciais de cajazeira no município de Teresina, Piauí, Brasil.
Spondias mombin L. Anastrepha obliqua (Macquart). Opius bellus Graham. Armadilhas tipo “PET”
Objetivou-se com este estudo realizar um levantamento da ocorrência e infestação de espécies de Tephritoidea e de seus parasitóides naturais em diferentes genótipos de cajazeira (Spondias mombin L.) em um pomar comercial no município de Teresina-PI, bem como correlacionar os dados de infestação das moscas-das-frutas com características físico-químicas dos genótipos. De janeiro a maio de 2012 foram coletados, semanalmente, frutos de 20 genótipos de cajazeira para analisar em laboratório a emergência dos adultos de moscas-das-frutas e/ou parasitóides. Concomitantemente a coleta de frutos, foi realizado um monitoramento da flutuação populacional dos tefritídeos no pomar através de seis armadilhas tipo PET instaladas no pomar. Estas eram abastecidas com melaço de cana-de-açúcar a 7% como atrativo alimentar, sendo renovado semanalmente em ocasião de cada coleta. O monitoramento foi realizado no período de um ano (janeiro a dezembro de 2012). Os frutos colhidos e os adultos de tefritídeos capturados nas armadilhas eram encaminhados para o Laboratório de Fitossanidade da Universidade Federal do Piauí (UFPI). No laboratório, os frutos de cada genótipo foram quantificados, pesados e colocados em bandejas com areia autoclavada para obtenção das pupas, sendo estas separadas da areia por peneiramento, contabilizadas e acondicionadas em coletores plásticos com areia, tampados com voil. Os adultos emergidos foram triados e fixados em álcool 70%. Os adultos de moscas-das-frutas e de parasitóides foram triados, sexados, quantificados e identificados em nível de espécie, exceto os exemplares machos pertencentes ao gênero Anastrepha. Foram realizadas as correlações da dinâmica populacional no pomar com a temperatura media do ar, precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar, e também a infestação dos genótipos com as características físico-químicas dos mesmos, (comprimento diâmetro e peso dos frutos, relação fruto/semente, sólidos solúveis e acidez titulável e ratio). Foram coletados 6.560 frutos com peso total equivalente a 79,58 Kg. Destes, saíram 23.059 pupários, dos quais emergiram 15.064 insetos, sendo 10.080 (66,91%) moscas-das-frutas e 4.984 (33,09%) parasitóides. Dentre as moscas-das-frutas, 4.949 (49,10%) foram fêmeas, e 5.131 (50,90%) machos. A espécie Anastrepha obliqua a que mais emergiu (99,92%) seguida por Anastrepha sp. 1 com 0,08%. Em relação aos índices de infestações, o genótipo F16P13 (11,51 pupários/fruto; 1131,48 pupários/kg) foi mais infestado, enquanto que o genótipo F18P1 (1,91 pupários/fruto; 89,66 pupários/kg), obteve a menor taxa de infestação. Os índices médios gerais de infestação nos genótipos foram 3,79 pupários/fruto e 317,46 pupários/kg de biomassa. Estes valores são bastante elevados em relação à maioria das literaturas relacionadas. Na análise de correlação entre os índices de infestação dos genótipos e as características físico-químicas dos mesmos, não houve correlação significativa para a maioria dos parâmetros avaliados, com exceção de dois: infestação/fruto versus teor de sólidos solúveis e também o ratio, sendo estas correlações consideradas baixas. Dos parasitóides, o percentual médio foi de 2,47% (123) para Utetes anastrephae (Viereck); 19,88% (991) para a espécie Doryctobracon areolatus (Szépligeti) e 77,65% (3870) para Opius bellus Gahan. O índice de parasitismo médio entre os genótipos foi de 33,09%. Nas armadilhas foram coletados um total de 1434 moscas-das-frutas, das quais 837 eram fêmeas. As espécies encontradas foram: A. obliqua (Macquart), (97,61%), A. serpentina (Wiedemann) (1,32%), A. fraterculus (Wiedemann) (0,36%), A. striata Shiner (0,36%), A. dissimilis Stone (0,12%), A. pseudoparallela (Loew) (0,12%) e Anastrepha sp. 2 (0,12%). A espécie Anastrepha obliqua foi a predominante na área com base na análise faunística calculada. O índice de infestação no pomar foi relevante durante cinco meses (janeiro a maio), coincidindo com o período de disponibilidade de frutos de cajazeira, obtendo um pico no mês de março (2,86 M/A/D). Foi observada correlação significativa negativa entre o número de moscas-das-frutas no pomar e a temperatura media do ar e correlação significativa negativa com a precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar. Entretanto, o principal fator constatado que influenciou o índice de infestação no pomar de cajazeira foi à disponibilidade de frutos.