Fluxo de óxido nitroso e atividade microbiana em solo com cultivo de cana-de-açúcar sobre palhada
Agricultura; GEE’s; DNDC; matéria orgânica; atividade biológica.
No Brasil a cana-de-açúcar se tornou uma cultura de destaque devido à grande produção e a fabricação de etanol e açúcar. Por diversos anos, a colheita da cana tem sido realizada de forma tradicional, com queima da parte aérea, apresentando diversos impactos negativos, dentre os principais o aumento da emissão de gases de efeito estufa e a perda da qualidade do solo, o que tem estimulado adoção do sistema de colheita mecanizada ou cana crua. Este estudo foi realizado com o intuito de avaliar as emissões de óxido nitroso (N2O) do solo por meio analítico e por estimativa em modelagem computacional e estudar a atividade microbiana em solo sob a cultura de cana-de-açúcar com diferentes níveis de palhada. O experimento foi instalado na Usina Comvap, no município de União/PI em delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições, cujo os tratamentos utilizados foram os níveis de palhada no solo (T1: 0 Mg/ha; T2: 4,19 Mg/ha; T3: 9,54 Mg/ha; T4: 13.04 Mg/ha; T5: 18.38 Mg/ha). As amostras contendo os gases foram coletadas por meio de câmaras estáticas, postas no solo, com seringas de 60 mL e colocadas em vials de 20 mL, nos tratamentos T1, T3 e T5. As amostras foram analisadas por cromatografia gasosa e os dados dos fluxos diários submetidos a análise estatística. Para a realização das simulações foi utilizado o modelo computacional DNDC, no qual foram estimadas as emissões de N2O desde o ano de 2009 até 2013 para os cinco tratamentos. As simulações da última safra foram comparadas com os dados coletados em campo por meio de índices estatísticos para validação do modelo. Foram coletadas amostras de solo para a determinação dos teores e estoques de carbono orgânico total (COT) e nitrogênio total (NT) e dos teores de Carbono da biomassa microbiana(Cmic) e Nitrogênio da biomassa microbiana (Nmic) além da respiração basal (RB) e quocientes metabólico e microbiano, na profundidade de 0-10 cm. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, e submetidos a uma análise estatística multivariada pela análise de agrupamento e análise de componentes principais. Os fluxos de N2O não foram influenciados pelos níveis de palhada no solo (p<0,01). Quanto às simulações feitas pelo modelo computacional, estas permitiram visualizar em todas as safras as maiores emissões relacionadas aos tratamentos com maior quantidade de palhada no solo. Ao se comparar os dados de campo com os dados simulados encontrou-se diferença entre valores de aproximadamente 9% para o nível 0%, 18% para o nível 50% e 13% para o nível 100%, dentro da margem de erro do II inventário Brasileiro de Emissões de N2O de solos agrícolas. Observou-se ainda que o aumento dos níveis de palhada no solo não provocou diferenças (p<0,01) apenas nos teores e estoques de nitrogênio. A análise de agrupamento dividiu os tratamentos em três grupos distintos, nos quais o tratamento com 0 Mg.ha-1 agrupou-se com o tratamento com 4,19 Mg.ha-1palhada, o tratamento com 9,54 Mg.ha-1 de palhada ficou isolado dos demais grupos, sendo na análise de componentes principais fortemente correlacionado apenas ao quociente microbiano e o grupo formado pelos tratamentos com 13, 04 e 18,38 Mg.ha-1 de palhada no solo correlacionado com a maioria dos atributos avaliados.