Qualidade fitossanitária de sementes e uso da restrição hídrica na inoculação de Colletotrichum truncatum e Macrophomina phaseolina em sementes de feijão-fava
Pré-condicionamento osmótico, patologia de sementes, Phaseolus lunatus, transmissão semente-plântula.
No Brasil, a espécie Phaseolus lunatus L., conhecida como feijão-fava, tem o seu plantio concentrado na região Nordeste, onde é cultivada predominantemente por pequenos produtores. Apesar do alto potencial de produção do feijão-fava, observa-se escassez de informação a respeito da cultura, dos patógenos e das doenças que a afetam. A elevada ocorrência de doenças e a falta de qualidade das sementes é uma das principais causas da baixa produtividade das lavouras, visto que muitos patógenos, como os fungos, podem ser transmitidos da semente para a planta, implicando na diminuição do estande final. A análise sanitária de sementes pode fornecer informações quanto à presença de patógenos, fundamental para tomada de decisões, para adoção de medidas de controle sobre lotes, na certificação etc. Dos patógenos causadores de doença no feijão-fava destacam-se Colletotrichum truncatum e Macrophomina phaseolina; causadores da antracnose e podridão cinzenta respectivamente. Diante da escassez de informações acerca da sanidade e transmissão de fungos por sementes de feijão-fava, este trabalho teve como objetivos avaliar a incidência fúngica em sementes de 34 amostras de feijão-fava, verificar a possibilidade de transmissão de C. truncatum e M. phaseolina pelas sementes, e avaliar a eficiência da restrição hídrica na inoculação de sementes de feijão-fava. Para os estudos da análise sanitária, lotes de 400 sementes foram desinfestadas e depositadas em placas de Petri contendo meio de cultura batata-dextrose-agar (BDA). Após cinco dias em estufa incubadora os fungos foram identificados. Para os estudos de transmissão e avaliação da eficiência da restrição hídrica manitol foi adicionado ao meio de cultura BDA para a obtenção dos potenciais hídricos -0,2 -0,4, -0,6, -0,8 e -1,0 MPa. As sementes foram incubadas em estufa incubadora a 25ºC, com fotoperíodo de 12 horas, permanecendo nestas condições por períodos variáveis, de acordo com o potencial hídrico. As sementes foram retiradas do meio e secadas em papel de filtro, e submetidas aos testes de germinação em rolo de papel, emergência de plântulas em bandejas e sanidade em meio BDA. O teste de sanidade de sementes demonstrou haver grande diversidade de fungos associados às sementes de feijão-fava, tendo sido assinalados fungos pertencentes a 22 gêneros. Entre os fungos fitopatogênicos assinalou-se a presença de C. truncatum (0,95%), Fusarium spp. (1,27%), M. phaseolina (1,58%), Rhizoctonia solani (0,01%) e Sclerotium sp. (0,28%). Os fungos de armazenamento Aspergillus spp., Penicillium spp., Curvularia sp. e Monilinia sp. apresentaram juntos 63,76% das colônias obtidas. O substrato com potencial hídrico -0,4 MPa proporcionou melhores condições para impedir temporariamente a germinação das sementes, promovendo maior incidência de sementes infectadas por C. truncatum, e maior porcentagem de plântulas infectadas. A metodologia foi eficaz na inoculação de M. phaseolina nas sementes, entretanto, o patógeno prejudicou a germinação das sementes, independente do potencial hídrico.