"Emoções e espiritualidade rastafari nas bandas de reggae em Teresina-PI"
Movimento rastafári. Reggae. Emoções
A espiritualidade rastafári e o estilo musical reggae presentes na vivência de algumas bandas em Teresina, chamam atenção para o diálogo entre espiritualidade e música. A antropologia da música concebe esta para além da estética, a música é uma forma de linguagem que possui seus próprios códigos, assim como a espiritualidade. Nessa pesquisa o olhar antropológico é direcionado à importância da relação da música como influência e até ascensão de uma espiritualidade. A presente dissertação está pautada em uma análise etnográfica sobre bandas de reggae locais que possuem de alguma forma relação com a espiritualidade rastafári. O motivo da escolha desse tema deve-se ao interesse de buscar conhecimento sobre as expressões culturais de um povo, de um estilo de vida, incluindo músicas de protesto e rituais relacionados, como o uso de dreadlocks e ervas. O objetivo principal é compreender a relação existente entre a espiritualidade rastafári e o estilo musical reggae dos integrantes das bandas de reggae de Teresina-PI. Estas são Jah Une, Regaplanta e o rasta Ed Ras. A metodologia desta pesquisa contempla observação participante, caderno de campo, recolhimento de imagens fotográficas e fílmicas, entrevistas não-diretivas coletivas e individuais. Percebe-se que nem todos os aspectos transmitidos através da música são vivenciados no dia-a-dia dos músicos. O referencial teórico do estudo é composto dos seguintes apostes teóricos: Mauss, Durkheim, Le Breton, Geertz, Aldo Natale Terrin, dentre outros para tratar das temáticas da espiritualidade e do campo da antropologia das emoções e dos autores Oliveira Pinto, Lundberg, Carvalho, Ilari, Menezes Bastos, Caldas, Brooks, Blacking, Eyerman e Jamison para tratar do campo da etnomusicologia. Para tratar da questão da sociabilidade Simmel, para tratar da questão da identidade Souza e Da Matta. O movimento rastafári enlaça-se com a antropologia das emoções, ao avaliarmos por exemplo a função da música nesse espaço. Além do reggae ser visto como uma música espiritual, o que elevaria o patamar das emoções, a própria música em si é carregada de sentimentos e emoções. Como disse Pinto ( 2001), a música traz à tona fenômenos diversos e não necessariamente acústicos. Além da música, o corpo, característica fundamental na espiritualidade rastafári, é também carregado de emoções, sendo este social e cultural. O corpo, para Mauss( 2003), seria o próprio e primeiro instrumento, seria através das atividades corporais que a estrutura social imprime sua marca nos indivíduos. Para Le Breton (2006) em todas as sociedades o corpo é considerado objeto de ritualização.