O presente trabalho visa compreender como nós antropólogos trabalhamos, etnografamos e construímos nosso ofício. Compreendendo que o currículo e as práticas acadêmicas desenvolvidas nos Programas de Pós-Graduação em Antropologia (PPGAs) são em grande parte responsáveis por gerar características da individuação profissional dos antropólogos, propõe-se, em linhas gerais, um estudo sobre o ensino de antropologia/etnografia em Programas de Pós-Graduação em Antropologia no Brasil, interessando-se em perceber como se estabelece o processo de transmissão de nossa metodologia aos pós-graduandos - detectando o que os programas e ementas problematizam e advertem com relação a metodologia, que tipo de recortes fazem e que bibliografias selecionam. Para tanto, a pesquisa irá debruçar-se sobre a organização formal das grades curriculares e sobre as tendências nos programas das disciplinas metodológicas dos PPGAs nos semestres de 2015.1, 2015.2, 2016.1 - pesquisa de arquivo (APCNs, programas de cursos e disciplinas, desenhos curriculares, ementários, bibliografias) realizada em bases de dados disponibilizadas por agencias estatais (plataforma lattes/plataforma sucupira) bem como, nos sites dos Programas de Pós-Graduação - como também nos testemunhos materiais e na tradição contada por orientandos e orientadores de pesquisas desenvolvidas nas instituições participantes no período analisado pela pesquisa. Ressalta-se que o trabalho que será desenvolvido pretende contribuir com a literatura sobre a ciência e as práticas científicas de Latour e Woolgar, uma vez que caracteriza-se como um estudo etnográfico sobre a atividade científica e debruçar-se sobre a diretriz cartográfica, metodologia não prescritiva orientada por pistas que direcionam o percurso da pesquisa, considerando os efeitos do processo do pesquisar sobre o objeto da pesquisa, o pesquisador e seus resultados.