O presente trabalho analisa a etnicidade dos indígenas Tabajara de Piripiri, privilegiando as manifestações religiosas e as práticas de cura realizadas pelo pajé Chicão, em que se destacam elementos definidos usualmente como pertencente à espiritualidade indígena, ao catolicismo e a Umbanda. Neste sentido, as ações religiosas agregram pessoas e favorecem a constituição da comunidade étnica religiosamente diversa. Partindo de um passado histórico para o presente etnográfico, através de uma escrita que privilegia a perspectiva dos indígenas, apresento a constituição da comunidade Tabajara por meio do movimento de emergência étnica empreendido no presente no contexto urbano de Piripiri, estado do Piauí. As atividades religiosas dos Tabajara, seus rituais e práticas de cura são problematizados na pesquisa a partir de conceitos tais como confluência, relação afroíndigena, ação comunitária e contrasincretismo que se evidenciaram na análise dos dados construidos no trabalho de campo. Para as discussões aqui propostas, usufruo das contribuições da História e da Antropologia, principalmente da Etnologia Indígena, Estudos de Etnicidade e da Religião. De recorte etnográfico, os dados apresentados são decorrentes de pesquisa constituída predominantemente de observação e vivências junto aos interlocutores, entrevistas, registros fotográficos, participação em atividades e eventos do movimento indígena e levantamento bibliográfico sobre as questões abordadas