A alienação eleitoral, fenômeno comportamental que compreende a soma dos votos brancos, nulos e abstenções (SANTOS, 1987; LIMA JR., 1990), tem sido frequente no Brasil desde a redemocratização e vem apresentando crescimento significativo ao longo dos pleitos eleitorais. Esse comportamento eleitoral tem sido tratado pela literatura de forma complexa e divergente quanto ao seu significado. Nesse sentido, existem autores que defendem tal comportamento como decorrente de uma manifestação de protesto por parte do eleitor (SANTOS, 1987; BORBA, 2008), outros como sendo resultado de dificuldades cognitivas políticas do eleitorado, no caso do voto branco e nulo, de acordo com Nicolau (2004), ou ainda decorrente de barreiras ecológicas quanto às abstenções (LIMA JR., 1990). A partir disso, esta pesquisa tem como objetivo analisar a alienação eleitoral exclusivamente nos municípios brasileiros com candidatura única ao Executivo durante as eleições de 2012 e 2016, tendo em vista que o eleitor possui seu poder de escolha limitado a apenas uma opção de voto nominal. Objetiva ainda, identificar o impacto das variáveis socioeconômicas e/ou políticas para a alienação eleitoral, bem como para a existência de eleições não competitivas em tais municípios; e até que ponto o sistema eleitoral facilita a ocorrência desse fenômeno. Nesse sentido, as perguntas que norteiam esse trabalho são: como se comporta o eleitor brasileiro, quanto à alienação eleitoral, no contexto de eleições não competitivas, ou seja, em municípios que apresentam apenas um candidato à disputa e que somente um voto é suficiente para determinar a vitória deste? Quais os fatores socioeconômicos e políticos contribuem para a existência de candidatura única em tais municípios brasileiros nos dois pleitos eleitorais em análise? A principal hipótese trabalhada nessa pesquisa é de que: os municípios com candidatura única apresentam uma maior taxa de alienação eleitoral se comparado aos demais. Com o intuito responder a esse questionamento serão analisados os dados presentes no repositório de dados eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) referente aos pleitos de 2012 e 2016. Além disso, serão utilizados dados do IBGE e do Portal “Meu Município” que trazem informações de caráter socioeconômico dos municípios em análise. Para tanto, se utiliza como indicadores básicos de análise a alienação eleitoral, representada pelo número de votos brancos, nulos e abstenções (VD) e o número de candidaturas (VI).