Esta pesquisa tem por objetivo analisar a atuação política das deputadas federais brasileiras na inserção de pautas de interesse das mulheres na Câmara dos Deputados durante a 54ª legislatura (2011-2015). Parte da premissa que a democracia representativa liberal tem falhado em sua missão de representar todos os cidadãos de maneira igualitária e de promover justiça, e que no Brasil persistência da sub-representação das mulheres no parlamento tem levado a que os interesses políticos das mulheres, enquanto grupo social, não sejam devidamente considerados na arena parlamentar brasileira. A hipótese aventada é que a atuação das parlamentares sofre constrangimentos e limitações tanto institucionais quanto culturais. Manifestações tradicionais de gênero mantêm as mulheres afastadas dos espaços decisórios e reforçam as desigualdades sociais expressas na representação política ali exercida. Os dados coletados se referiram à presença das mulheres deputadas na estrutura de poder da Câmara dos Deputados, suas proposições legislativas individuais e suas ações enquanto bancada. Os resultados mostram um avanço político importante na disputa interna pela estrutura de poder, ao garantir a oficialização da Bancada Feminina com assento no Colégio de Líderes; tanto na atuação individual quanto coletivamente, através da Bancada, houve predominância de proposições que se direcionam para temas sociais e que se relacionam a cuidados, presentes no imaginário coletivo como sendo próprio do mundo feminino e reproduzindo, de certa maneira, a divisão sexual do trabalho. Quanto à atuação especificamente voltada para uma pauta feminista, foi dada visibilidade à questão da violência contra a mulher e não foram pautados temas polêmicos, como o aborto.