No Brasil e no mundo, na década 90, o termo inclusão ganhou força e visibilidade em decorrência, por um lado, dos processos democráticos e, por outro, dos movimentos de resistência à exclusão da sociedade civil, tendo sua origem no período pós-guerra, quando se iniciou a discussão sobre a igualdade de direitos. É impossível falar em educação fora de um contexto socioeconômico e político. Para tanto, faz-se necessário compreender a economia e a política do Estado capitalista, através das ações estatais num mundo cada vez mais globalizado. A pesquisa teve como elemento balizador: a Política Nacional de Educação na Perspectiva Inclusiva, normatização esta que norteia as ações inclusivas nas instituições de educação nos diferentes níveis. Dessa forma, o objetivo geral da dissertação foi analisar o impacto da Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI) na permanência de estudantes público-alvo da educação especial no ensino superior. Os objetivos específicos foram: realizar o diagnóstico institucional frente à execução da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva; averiguar o alcance da PNEEPEI no âmbito universitário por meio de um estudo comparativo entre estudantes público-alvo da educação especial atualmente matriculados e os que já usufruíram da Universidade sem o amparo legal da PNEEPEI; identificar o reflexo da PNEEPEI frente aos indicadores de permanência/evasão dos estudantes público-alvo da educação especial. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética da UFPI (Parecer nº 2.404.145). O estudo é de cunho qualitativo. A investigação pautou-se em levantamento de documentações (resoluções, editais, relatórios, planos, base de dados da UFPI, etc) para sistematização de dados referentes aos estudantes público-alvo da educação especial em nível nacional e local, na Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portella-Teresina. Inicialmente foi utilizada a sistematização dos dados existentes na UFPI acerca dos estudantes público-alvo da educação especial e dados nacionais do Censo Escolar do Ensino Superior INEP 2016. Foram aplicados questionários sociodemográficos e realizadas entrevistas semiestruturadas com perguntas fechadas e abertas com estudantes PAEE tanto egressos como matriculados. A pesquisa contou com o envolvimento de 10 participantes. Os dados sistematizados foram analisados com base nas categorias analíticas construídas a partir da sistematização realizada pelo Software IRAMUTEQ versão 0.7 Alpha 2 e a utilização da Análise de Conteúdo. O tipo de análise utilizada para a presente pesquisa foi a Classificação Hierárquica Descendente (CHD). Ao todo foram criados quatro dendogramas a partir da CHD. O dendograma 1 trouxe resultados referentes ao cotidiano universitário destacando o preconceito e o preparo insuficiente de servidores e bolsistas; o convívio com docentes excludentes e inclusivos, obstáculos arquitetônicos e de suporte pedagógico e a escassez de tecnologias assistivas. O dendograma 2 apresentou pontos acerca das relações entre acessibilidade e permanência e obteve destaque nas classes obstáculos arquitetônicos; presença/ausência de empatia nas relações interpessoais e condições de autonomia. O dendograma 3 sobre percurso disciplinar e formativo na UFPI apresentou as classes sobre abordagens excludentes; desafios no acompanhamento do currículo do curso e motivos institucionais para trancamento como as de maior relevância. O dendograma 4 que englobou as normatizações para a inclusão no Ensino Superior e destacou a aplicabilidade da inclusão; a importância do atendimento educacional especializado; a ampliação do acesso às universidades e a importância dos sujeitos-alvo na elaboração das normatizações. Os resultados revelaram que Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEESPI) trouxe avanços no processo de inclusão escolar no Brasil de modo a promover melhores condições de permanência, conforme vários estudos abordaram e como os relatos dos participantes da presente pesquisa evidenciaram, no entanto, também ficaram evidentes os percalços ainda existentes como: as abordagens e metodologias excludentes, as barreiras arquitetônicas, a escassez de materiais e tecnologias assistivas, dentre outros. Destaca-se a necessidade de investimentos tanto financeiros, humanos e materiais por parte da gestão para o pleno alcance dos princípios da PNEESPI, e com isso viabilizar a ampliação dos serviços existentes e promover a formação e capacitação dos servidores.