A alienação eleitoral, fenômeno que compreende a soma dos votos brancos, nulos e abstenções, vem sendo recorrente nos pleitos eleitorais brasileiros e tem sido objeto de poucas pesquisas no Brasil, sobretudo, a nível subnacional. Esta pesquisa objetiva analisar a alienação nos municípios brasileiros, com foco naqueles que apresentaram candidatura única ao Executivo nas eleições de 2012 e 2016. A pergunta que norteia esse trabalho é: municípios brasileiros com candidatura única apresentaram maiores taxas de alienação eleitoral em relação àqueles com eleições competitivas nos pleitos de 2012 e 2016? A hipótese trabalhada é: municípios com candidatura única apresentam maiores taxas de alienação eleitoral se comparado aos demais, e isso indicaria que a redução do número de opções aos eleitores poderia gerar desestímulo à participação eleitoral. Para isso, foram analisados dados eleitorais do TSE referentes aos pleitos de 2012 e 2016 e, coletadas informações de caráter socioeconômico destes locais contidas nos sites do IBGE e do Portal Atlas Brasil-PNUD. Adotaram-se como variáveis dependentes a taxa de alienação eleitoral, os votos brancos, nulos e abstenções e como variável independente o número de candidatos. As principais conclusões foram: (1) o teste de Sperman mostrou que há correlação positiva entre o número de candidatos e as variáveis alienação eleitoral, abstenções, votos brancos e votos nulos, porém são correlações fracas ; (2) o teste U de Mann- Whitney mostrou que a média de ranks para a alienação eleitoral , votos brancos e nulos é superior nos municípios com candidatura única; e inferior para a abstenção, podendo ter sido em decorrência da obrigatoriedade do voto; (3) o teste U de Mann- Whitney mostrou que a mediana é distinta entre os dois grupos e que existência de apenas um candidato na disputa pelo Executivo teve impacto na alienação eleitoral nos pleitos de 2012 e 2016 confirmando nossa hipótese; (4) o teste de regressão mostrou que o número de candidatos não é suficiente para prever a alienação eleitoral, sendo necessário, portanto, um modelo que envolva além do número de candidatos, variáveis políticas e socioeconômicas, pois existem vários fatores que atuam de forma conjunta e influenciam no comportamento eleitoral.