O câncer de mama, à exceção dos tumores de pele não melanoma, é o mais incidente entre as mulheres do país, ocupando o primeiro lugar em todas as regiões brasileiras, exceto na região Norte. Em consequência do tratamento quimioterápico, pode haver complicações silenciosas, dose-dependente. Objetivo: Avaliar o efeito da quimioterapia no estado nutricional, na capacidade funcional e na função autonômica de mulheres com câncer de mama. Metodologia: Consistiu em um estudo observacional, descritivo, com abordagem quantitativa e delineamento longitudinal. Participaram de maneira voluntária 10 mulheres com diagnóstico de câncer de mama recente, com data prevista para o início da quimioterapia neoadjuvante ou adjuvante, idade acima de 18 anos, em condições clínicas estáveis mediante apresentação de autorização médica, permitindo a realização dos métodos de avaliação propostos pelo estudo. Por meio de uma entrevista e avaliação direta, foram investigadas variáveis sociodemográficas e clínicas. Posteriormente, foram realizadas as avaliações para investigação do estado nutricional e da capacidade funcional, por meio da bioimpedância, dinamometria manual, teste de caminhada de 6 minutos e nível de atividade física. Para análise da função autonômica, foi investigada a variabilidade da frequência cardíaca em repouso. Ao término da quimioterapia, as participantes foram reavaliadas nos aspectos funcionais e autonômicos. Os dados foram tabulados, média e desvio padrão calculados, posteriormente, avaliada a normalidade por teste de Levene, comparação das médias por teste t pareado, effect size da amostra por d de Cohen e correlação entre as variáveis por correlação de Pearson, considerando p<0,05 através do SPSS®, versão 20.0 for Windows. Resultados: Em relação aos dados sociodemográficos, a faixa etária de 45 a 65 anos teve maioria (70%), 60% declararam ter pele branca, 80% ter companheiro estável, 70% concluíram o ensino superior, 60% exercem atividade remunerada e 60% relatam ter renda familiar acima 3 salários mínimos. Diante da antropometria, com base no IMC, 60% das mulheres estavam acima do peso, enquanto os potenciais riscos cardiovasculares por meio da medida de circunferência da cintura, foi apresentado 40% muito elevado. Quanto às variáveis clínicas, 70% encontravam-se na pré menopausa, 40% delas apresentaram consumo de bebida alcoólica e 20% de tabaco nos anos anteriores. 20% apresentavam comorbidades associadas, dentre elas, diabetes e câncer de pele tratado tardiamente. Quanto ao tipo histológico da formação tumoral, predominou o lobular invasivo, com 60% da amostra, logo, o subtipo mais frequente foi o Luminal A com 50%, onde prevaleceu o estadiamento I com 90% dos casos. Em relação a proposta terapêutica, 60% quimioterapia neoadjuvante, sendo que 80% realizou o esquema de doxorrubicina associada a ciclofosfamida e paclitaxel. Dados funcionais referente ao ângulo de fase de corpo inteiro (p=0,002, es=1,39) , ângulo de fase padronizado (p=0,002, es=1,41), dinamometria dominante (p=0, es=2,83), dinamometria não dominante (p=0,003, es=1,30) e teste de caminhada de 6 minutos (p=0,007, es=1,09) houve diferença significativa entre as médias pré e pós quimioterapia. Entretanto, o nível de atividade física (p=0,604, es=0,17), calculado por equivalente metabólico, valor em MET, não houve diferença significativa. Na correlação entre as variáveis, a relação LF/HF apresentou -se baixa quando relacionada ao ângulo de fase de corpo inteiro (r=0,477), dinamometria dominante (r=0,486), capacidade funcional aeróbica (r=-0,253) e nível de atividade física (r=0,250), enquanto o ângulo de fase padronizado (r=0,587) manifestou relação moderada. Conclusão: O estado nutricional e a funcionalidade física e autonômica revelaram-se comprometidas pós quimioterapia. Levando em consideração a associação moderada entre o ângulo de fase padronizado e o balanço autonômico, considerou-se a variabilidade da frequência cardíaca como medida potencialmente sensível no rastreio de comorbidades.