As Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) são consideradas um grande problema de saúde pública mundial. O consumo crescente de carne de aves requer uma contínua atenção na provisão de alimentos seguros para o consumidor. A Escherichia coli destaca-se entre os principais patógenos causadores de doenças transmitidas por alimentos, sendo o patotipo E. coli produtora de Shiga toxina (STEC) motivo de preocupação. Esse grupo patogênico é portador dos genes stx1 e/ou stx2, codificantes da toxina tipo Shiga e causa intoxicações com quadros clínicos de diarreia e colites hemorrágicas, podendo evoluir para manifestações severas como a síndrome hemolítico-urêmica e a púrpura trombótica trombocitopênica. Apesar da importância deste microrganismo na carne de ruminantes, sua presença em carne de aves tem sido pouco investigada. O presente estudo teve como objetivo avaliar a presença de Escherichia coli produtora de Shiga toxina em frangos resfriados comercializados na cidade de Teresina, Piauí, e caracterizar os isolados obtidos. Foram obtidas 107 amostras de frangos resfriados colhidas em diferentes estabelecimentos comerciais ou mercados públicos distribuídos nas diversas zonas (leste, norte, sul e sudeste) da cidade de Teresina, PI. Após a coleta, as amostras refrigeradas foram imediatamente transportadas, em caixa térmicas até o Laboratório de Pesquisa em Microbiologia e processadas no período máximo de três horas. As amostras foram avaliadas quanto à presença de E. coli, por testes bioquímicos e as amostras positivas confirmadas por amplificação do gene yaiO pela Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). O isolados de E. coli obtidos foram caracterizados pela presença do antígeno O157 por teste sorológico, perfil de susceptibilidade a antimicrobianos e presença dos genes stx1 e stx2 associados ou não ao gene eae, utilizando-se a técnica de PCR. A frequência de E. coli nas amostras coletadas foi de 58,9% (63/107). Todos os isolados mostraram amplificação do gene yaiO, confirmando a identificação de E. coli. Observou-se que 12 cepas foram positivas para O157, 55,55% dos isolados apresentaram perfil de resistência à múltiplas drogas (MDR) e 11 cepas eram produtoras da enzima betalactamase de espectro estendido (ESBL). Nenhuma das cepas isoladas possuía os genes stx1, stx2 ou eae. Apesar da pesquisa não revelar a presença de E. coli enterohemorrágica ou enteropatogênica nas amostras de frangos analisados, esses resultados preocupam pela presença de E. coli multirresistentes, inclusive com a produção de beta-lactamase de espectro estendido (ESBL) em carne de frango comercializadas no município de Teresina, reforçando a necessidade de monitoramento na disseminação de patógenos multirresistentes.