Introdução: A doença de Chagas, também conhecida como Tripanossomíase
Americana, é causada pelo Trypanosoma cruzi, um protozoário hemoflagelado,
pertencente à família Trypanosomatidae, incluído na ordem Kinetoplastida. É uma
doença altamente negligenciada, onde o Brasil constitui-se em uma das principais áreas
endêmicas do mundo. A transmissão é mediada por vetores onde os seres humanos
normalmente adquirem o parasito por meio do contato com as fezes contaminadas dos
insetos durante o repasto sanguíneo, de forma oral (por meio da ingestão de alimentos
contaminados), congênita e por transfusão sanguínea. Objetivo: Analisar o perfil de
morbidade e mortalidade da doença de Chagas no estado do Piauí referente ao período
de 2007 a 2019. Metodologia: Trata-se de um estudo ecológico, que teve como cenário
o estado do Piauí, situado no Nordeste Brasileiro. Como dado, utilizou-se todos os casos
de morbimortalidade notificados de doença de Chagas pelo Sistema de Informações
sobre Mortalidade (SIM), e Sistema de Informações, Agravos e Notificação (SINAN),
disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
(DATASUS), no período de 2007 a 2019. Quanto à análise estatística para os casos de
mortalidade, utilizou-se o modelo de regressão linear de Prais-Winsten, que considera a
autocorrelação serial, ou seja, a dependência de uma medida seriada de seus próprios
valores em períodos anteriores. A variação percentual anual (VPA) e seus respectivos
intervalos de confiança de 95% (IC 95% ) foram calculados. A tendência das taxas de
mortalidade foi interpretada como crescente (p<0,05 e beta positivo), decrescente
(p<0,05 e beta negativo) e estável (p≥0,05). Para os casos de morbidade foram
calculadas as frequências absolutas. Resultados: Os resultados obtidos mostram que o
número maior de óbitos ocorreu em hospital e acometeu indivíduos do sexo masculino
de cor/raça parda na faixa etária de 60 ou mais, com nenhuma escolaridade. Apenas
quatro regiões de saúde tiveram redução significativa da incidência, sendo maior na
Chapada das Mangabeiras. Com relação à morbidade, o perfil de acometimento
correspondeu aos indivíduos do sexo feminino de raça/cor parda, na faixa etária de 40 a
59 anos, e com escolaridade de 1 a 3 anos. Os participantes vivos foram os mais
frequentes no critério evolutivo.