A qualidade da atenção à saúde inclui vários fatores, entre eles a eliminação de iniquidades raciais, uma vez que as diferenças de tratamento no que tange as disparidades raciais no processo de atenção à gestação e ao parto influenciam nos indicadores finais da saúde. OBJETIVO: Verificar se a cor da pele é um marcador de iniquidade em saúde no atendimento pré-natal e no parto de mulheres pretas em maternidades públicas de uma capital do Nordeste brasileiro. Caracterizar o perfil sociodemográfico de puérperas autodeclaradas pretas e brancas/pardas atendidas em maternidades públicas da cidade de Teresina-PI; Comparar a assistência pré-natal e a assistência ao parto entre mulheres autodeclaradas pretas e brancas/pardas; Verificar se existem diferenças entre mulheres autodeclaradas pretas e brancas/pardas quanto a percepção da discriminação racial em saúde. METODOLOGIA: Estudo do tipo descritivo de delineamento transversal, aprovado pelas instituições envolvidas e pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana da Universidade Federal do Piauí. Foram cenários da pesquisa cinco maternidades públicas de uma capital do nordeste brasileiro. Amostra constituída por dois grupos: Grupo I (caso) com 375 mulheres autodeclaradas pretas e o Grupo II (controle) com 375 mulheres autodeclaradas pardas/brancas. Os instrumentos utilizados foram um questionário, Escala Percepção de Discriminação Racial em Saúde - Versão Pessoal (EPDRS-VP) e questionário Biossociodemográfico. Na análise estatística utilizou-se o programa IBM SPSS (versão 22). Foi realizada a média dos dados do perfil sociodemográfico. O teste Qui-Quadrado, foi utilizado na análise dos dados, foi aplicado com o nível de 95% de confiança (α=0.05). RESULTADOS: A idade média das entrevistadas ficou entre 25 e 26 anos, mais da metade das participantes dos dois grupos são casadas/união estável. O Grupo I (caso) foi o que apresentou maior taxa de desemprego e maior porcentagem relacionada à renda de até um salário mínimo em comparação ao Grupo II (controle). as participantes do Grupo I foram as que menos receberam informação acerca do local de realização do parto. Acerca do atendimento recebido durante o parto, constatou-se que as participantes dos dois grupos apresentaram satisfação positiva. No que diz respeito ao tipo de parto, percebeu-se que o quantitativo de mulheres com parto cesárea foi superior entre as participantes do Grupo II e as do Grupo I foram as que apresentaram maior porcentagem de parto vaginal. CONCLUSÃO: Os achados deste estudo permitiram constatar que a cor da pele é um fator de iniquidade em saúde, isso ocorre porque existem diferenças quanto ao atendimento recebido entre os dois grupos estudados, ademais foi possível constatar a evidência de discriminação racial direcionada as participantes do grupo-caso.