RESUMO: Introdução: O consumo de álcool e seus impactos na saúde mental são questões de grande relevância, especialmente quando se trata de profissionais da saúde, o que requer atenção especial devido à sua influência nas esferas individual e profissional desses indivíduos. Objetivo: analisar a relação entre o consumo de álcool e sofrimento mental em trabalhadores da saúde. Metodologia: Estudo analítico e transversal, do tipo websurvey, realizado no Brasil. A coleta de dados ocorreu de fevereiro a agosto de 2023 por meio da aplicação questionário online com variáveis sociodemográficas, econômicas e ocupacionais; Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) e o Alcohol Use Desorders Identification Test (AUDIT). Para análise utilizou-se o software Statistical Package for the Social Science, versão 26.0. Foram realizadas estatísticas descritivas (Análise univariada e bivariada) e inferenciais (Teste QuiQuadrado e razão de chance).O processo de modelagem foi o stepwise forward. Resultados: A amostra foi composta majoritariamente por trabalhadores do sexo feminino (85,7%), com idades variando entre 18 e 60 anos. A maioria dos participantes era casada ou solteira (38,8% e 52,2%, respectivamente) e se autodeclarava como católica (43,5%), residia em áreas urbanas (96,3%) e tinha uma renda familiar média mensal de 6.802,94 reais. Quando se trata do consumo de álcool, 67,4% dos profissionais foram classificados como de baixo risco, enquanto 21,8% estavam no grupo de uso de risco, 4,2% no grupo de uso nocivo e 6,6% apresentaram provável dependência de álcool. Em relação ao sofrimento mental, cerca de 32,9% dos profissionais relataram sofrimento mental comum, conforme indicado pelo SRQ-20. Significativamente, a análise estatística revelou uma associação altamente significativa entre sofrimento mental e consumo de álcool. Os profissionais que relataram sofrimento mental comum apresentaram uma probabilidade maior de estar em risco de consumo de álcool em comparação com aqueles que não relataram esse sofrimento (OR=3,575 e p<0,00). Conclusão: Evidenciou-se no presente estudo a associação altamente significativa entre sofrimento mental e consumo de álcool. A saúde mental dos profissionais da saúde está intrinsecamente ligada ao seu comportamento em relação ao álcool. Para lidar com esses desafios, é fundamental implementar programas abrangentes de promoção da saúde mental e prevenção do consumo excessivo de álcool direcionados aos profissionais da saúde. Esses programas devem incluir acesso a serviços de aconselhamento e apoio psicológico, grupos de apoio e estratégias para gerenciar o estresse no local de trabalho. Além disso, as organizações de saúde desempenham um papel crucial ao criar uma cultura que valoriza o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, oferece recursos de apoio e reconhece o estresse ocupacional. A educação desde o início das carreiras dos profissionais da saúde sobre os riscos para a saúde mental e o uso de álcool como mecanismo de enfrentamento também é fundamental para a prevenção de problemas de saúde mental e comportamentos de risco.