Introdução: As recomendações atuais para o manejo da obesidade infantil têm como ênfase redução da ingestão calórica, aumento do gasto energético, modificação comportamental e envolvimento familiar no processo de mudança, sendo um tratamento a longo prazo. Nesse contexto a Atenção Primária à Saúde, sendo considerada porta de entrada aos serviços básicos de cuidados em saúde, se torna um elemento chave para o desenvolvimento e implantação de estratégias e ações para prevenção e manejo da obesidade infantil. Objetivo: Construir e validar um protocolo clínico de intervenções nutricionais para a obesidade infantil no âmbito da Atenção Primária à Saúde. Metodologia: Trata-se de um estudo metodológico, organizado em três fases sendo a primeira direcionada a construção de uma revisão sistemática do tipo overview, com uso das recomendações PRISMA 2020, e instrumentos validados para avaliação metodológica, risco de viés e avaliação do nível de evidência. A segunda etapa foi a construção do protocolo, por meio da síntese de resultados da overview e construção de fluxograma assistencial, e a última etapa foi a avaliação da qualidade do protocolo clínico para uso por meio da análise de juízes e uso de instrumentos validados como AGREE II e o AGREE-REX. O estudo foi submetido ao comitê de ética e pesquisa da Universidade Federal do Piauí, sendo aprovado sob número do CAAE 37365520.0.0000.8057. Resultados: Ao todo foram incluídos 17 estudos, considerados elegíveis e que fomentaram as bases de construção do protocolo, indicando efetividade em intervenções de base comportamental, educacional, familiar e nutricional, apresentando como desfechos redução significa do IMC, mudança no comportamento e hábitos alimentares, aumento no nível de conhecimento nutricional. O protocolo assistencial encontra-se estruturado nas seguintes sessões: Capa, Sumário, Introdução, Justificativa, Intervenções nutricionais para o público infantil, Barreiras e implicações, Referências, Autores, Anexos e Apêndices conforme as Diretrizes de elaboração de protocolos Clínicos do Hospital Conceição. Na apresentação do protocolo foram elencadas as intervenções juntamente com os responsáveis e o ambiente de aplicação, além de um fluxograma assistencial de utilização do protocolo clínico. Avaliação dos juízes através dos instrumentos AGREE II e o AGREE REX revelaram que a diretriz desenvolvida possui uma pontuação adequada (>70%) e de boa qualidade para sua implementação no campo da atenção primária à saúde, mais especificamente no que tange a assistência da obesidade infantil. Conclusão: A elaboração de um protocolo para obesidade infantil representa de forma positiva uma estratégia sustentável e flexível para ser implementada em âmbito comunitário, baseado em evidências científicas e avaliado por especialistas da área, permite a atuação de diversos atores sociais como profissionais da saúde, família dentre outros, e visa contribuir na redução de riscos de comorbidades associadas a obesidade e custos de saúde, bem como estimulando comportamentos mais saudáveis na população infantil.