RESUMO
Introdução: A realização de jejum pré-operatório visa a segurança de pacientes antes da realização de cirurgias. As diretrizes da American Society of Anesthesiologists (ASA) preconizam tempo de jejum de oito horas para alimentos sólidos, seis horas para alimentos leves, leite e líquidos sem resíduos, quatro horas para leite materno e, para líquidos claros, como água, duas horas. A adesão a essas orientações aumenta a satisfação dos pacientes, reduz complicações e tempo de internação hospitalar e otimiza os custos em saúde. Ainda assim, muitas instituições seguem com protocolos tradicionais, como o “nada pela boca a partir da meia noite”. Nesse contexto, desconhece-se o atual panorama do jejum pré-operatório praticado no Piauí, posto que há pouca produção científica local a respeito desse tema. Objetivo: Avaliar o tempo de jejum pré-operatório de cirurgias eletivas realizadas no Hospital Getúlio Vargas (HGV), um hospital de alta complexidade de Teresina – Piauí. Método: Estudo descritivo, observacional, transversal, com pacientes de 18 a 90 anos submetidos a cirurgias eletivas no HGV, a partir de prontuários e questionários aplicados aos participantes, sendo excluídos os provenientes de unidade de terapia intensiva, cirurgias ambulatoriais e comorbidades que pudessem afetar o tempo de esvaziamento gástrico. Foram coletadas variáveis sociodemográficas, tempos de jejum realizados para líquidos e sólidos e dados sobre o preparo pré-operatório, condições clínicas dos pacientes e cirurgias realizadas. Resultados: Foram incluídos 286 pacientes, de maioria entre 40 e 50 anos, compostos em 51,70% pelo sexo masculino. A maior parte dos participantes possuía ensino fundamental incompleto (35,31%), seguido por ensino médio completo (20,63%). Observou-se que houve período de jejum superior ao prescrito pela equipe cirúrgica (17h), o jejum de líquidos foi inferior ao de sólidos (14h) mas ainda superior a 12 horas e não houve influência da diferença de escolaridade dos participantes nos tempos praticados. Conclusão: Apesar das novas recomendações acerca do jejum pré-operatório, ainda há relutância da parte de instituições, profissionais de saúde e, até mesmo, de pacientes, em seu cumprimento. Dessa forma, são mandatórias a capacitação e atualização periódica das equipes, além da informação sobre o tema para pacientes e seus familiares, para melhor cuidado perioperatório.