“Fatores associados ao acesso de adolescentes e jovens à assistência pré-natal e ao parto na região Nordeste do Brasil”
Acesso a serviço de saúde; parto; gravides de adolescentes.
INTRODUÇÃO: A assistência ao pré-natal e ao parto adequado constitui importante indicador de saúde relacionado à mãe e ao bebê, com potencial de reduzir as principais causas de mortalidade materna e neonatal. O acesso a esses serviços, por sua vez, tem como um de seus determinantes as características sociodemográficas dos indivíduos. OBJETIVO: Verificar fatores associados ao acesso de adolescentes e jovens à assistência pré-natal e ao parto na região Nordeste do Brasil. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Na presente pesquisa o termo acesso foi usado para designar o ato de ingressar nos serviços de assistência ao pré-natal e ao parto em tempo oportuno, para tanto, considerou-se que as puérperas adolescentes e jovens que não fizeram pré-natal, iniciaram o pré-natal no terceiro trimestre e/ou peregrinaram em busca de assistência ao parto, tiveram acesso inadequado aos serviços de saúde. Trata-se de estudo seccional realizado com 3.014 adolescentes e jovens admitidas nas maternidades, selecionadas por ocasião da realização de parto na região Nordeste do Brasil. O desenho da amostra foi probabilístico, em dois estágios: o primeiro correspondeu aos estabelecimentos de saúde; e o segundo, às puérperas e seus conceptos. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista e consulta ao prontuário hospitalar, a partir de formulário eletrônico pré-testado. Os dados foram analisados com a utilização do software SPSS versão 17.0. Foram realizadas análises univariadas, por meio de estatística descritiva bivariada, adotando-se o teste qui-quadrado de Pearson, com nível de significância (p≤0,05) e multivariada, através de regressão logística binomial com nível de significância (p˂0,05). O critério de inclusão de variáveis no modelo logístico foi a associação com as características socioeconômicas e aspectos reprodutivos em nível de p˂0,20 na análise bivariada. RESULTADOS: A média de idade das participantes deste estudo foi de 20 anos. A maioria referiu ter laços conjugais (77,6%), ser da cor não branca (84,2%), saber ler e escrever (96,1%), possuir até o ensino fundamental (54,6%) e pertencer às classes econômicas D e E (50,7%). Menos de 1/5 das entrevistadas tinha trabalho remunerado (16,7%), e quase 91,0% não possuíam plano de saúde. Aproximadamente 58,0% das entrevistadas eram primigestas; entre aquelas que já haviam engravidado, 22,8% tiveram apenas um parto, e pelo menos um abortamento ocorreu para 12,0% das adolescentes e jovens. O acesso inadequado ao pré-natal e ao parto ocorreu para 3,2% e 33,3% das adolescentes e jovens, respectivamente. A análise bivariada situação conjugal, trabalho remunerado e plano de saúde mostraram associação significativa com o acesso inadequado à atenção pré-natal e ao parto. A análise multivariada, por sua vez, apontou que as puérperas adolescentes e jovens que mantinham laços conjugais e não possuíam plano de saúde eram mais propensas a apresentarem acesso inadequado a esses tipos de assistência. CONCLUSÃO: Os achados reforçam que o acesso inadequado à assistência pré-natal e ao parto esteve especialmente associado a vários fatores indicativos da persistência de desigualdade social, evidenciando a necessidade de envidar esforços no sentido de aumentar o acesso em tempo oportuno a esses serviços, especialmente entre aquelas com condições socioeconômicas desfavoráveis, a fim de contribuir para desfechos materno-infantis mais favoráveis.