CONHECIMENTO DE ADOLESCENTES SOBRE PRÁTICAS CONTRACEPTIVAS E PREVENÇÃO DE GRAVIDEZ NÃO PLANEJADA
Adolescente. Anticoncepção. Enfermagem.
A adolescência é um momento de diversas transformações sociais, emocionais, corporais e cognitivas e o período do desenvolvimento humano no qual a maioria dos jovens inicia a vida sexual. Porém, esse início precoce e sem conhecimento adequado das práticas contraceptivas vem fortemente relacionado à gravidez não planejada. O fenômeno, gravidez na adolescência, ganhou destaque como problema de saúde pública a partir da década de 70, quando se observou um aumento na taxa de fecundidade de mulheres com 19 anos de idade ou menos. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o conhecimento de adolescentes sobre práticas contraceptivas e sua associação com gravidez não planejada. Trata-se de um estudo transversal, de abordagem quantitativa, desenvolvido com 258 adolescentes gestantes na Estratégia Saúde da Família de Teresina, Piauí. A coleta de dados aconteceu de janeiro a julho de 2015, por meio de entrevistas, aplicando-se um formulário e um questionário. Para a análise estatística, utilizou-se o aplicativo Statistical Package for the Social Sciences, versão 20.0. A identificação de associações realizou-se por meio do teste qui-quadrado, tendo sido a significância estatística fixada em (p<0,05). A força de associações entre as variáveis foi medida pelo odds ratio e intervalos de confiança (IC=95%). A pesquisa recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, por meio do Parecer nº 890.514, e cumpriu todos os preceitos éticos dispostos na Resolução nº 466/12, a qual trata sobre pesquisas envolvendo seres humanos. A amostra estudada é constituída em sua maioria por adolescentes com idade entre 16 e 19 anos (84,5%), pardas (67,1%), em união estável (51,9%), com ensino médio incompleto (36,4%), renda de até um salário mínimo (43%) e católicas (61,2%). A menarca predominou entre 9 e 12 anos (59,3%) e a sexarca entre 15 e 18 anos (56,6%). A maioria das adolescentes era primigesta (70,9%), enquanto as nulíparas eram 76,4% e as não haviam realizado aborto representaram 92,6%. Grande parte das participantes referiu ter utilizado métodos contraceptivos na sexarca (57,4%), tendo sido a camisinha o método de escolha (93,2%). Em contrapartida, a maioria não estava utilizando método antes da gestação atual (62,4%), e quando utilizou, a escolha foi pelas pílulas anticoncepcionais (70,1%). Muitas adolescentes referiram saber utilizar mais de um método de contracepção, sendo as unidades de saúde o ponto de referência para ter acesso a eles (71,6%). Quanto às fontes de informação, a maioria recebeu orientação na escola (50%) e com familiares (48%), e apontou a mãe (48,1%) como primeira pessoa a ser procurada em caso de dúvidas. Dentre os motivos citados para não utilização dos contraceptivos, o desejo de engravidar (49,7%) e o fato de achar que não iriam engravidar (28,6%) mostraram predomínio. Em relação à adequação de conhecimento sobre os métodos contraceptivos, mais da metade (51,2%) mostrou conhecimento médio; e quanto ao planejamento de gravidez, 15,1% das gestações foram classificadas como não planejadas. Os fatores associados ao tipo de planejamento de gravidez foram idade < 15 anos, solteira, ensino fundamental, renda familiar até ½ salário mínimo, sexarca < 15 anos, ter baixo conhecimento sobre as práticas contraceptivas, saber utilizar a injeção anticoncepcional, possuir desejo de engravidar e achar que não iria engravidar. Na análise multivariada, o baixo conhecimento sobre os métodos aumentou em 4,5 vezes a chance de ocorrência de gravidez não planejada. Acredita-se, dessa forma, que o conhecimento dessas adolescentes ainda não é adequado para prevenir-se de uma gravidez não planejada, sendo necessárias fortes ações das equipes de atenção básica, em especial, do profissional enfermeiro, para mudar este paradigma.