O estudo tem como objeto as Representações Sociais do HIV/Aids por idosos. A problemática tem mais de três décadas e continua sendo um importante objeto de investigação social. Sabe-se que seu perfil epidemiológico tem sofrido profundas transformações e o número de infectados, com mais de 50 anos de idade, aumentou de forma expressiva.Além disso, a adesão às terapias antirretrovirais proporcionou aumento da expectativa de vida aliadas ao envelhecimento populacional geral. A pesquisa teve como objetivos apreender as Representações Sociais elaboradas por idosos atendidos em Unidades Básicas de Saúde sobre o HIV/Aids e compreender como as Representações Sociais interferem na prevenção do HIV/Aids. Trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa fundamentada na Teoria das Representações Sociais. Participaram da pesquisa 42 pessoas com idade a partir de 60 anos atendidos em uma Unidade Básica de Saúde do município de Teresina-PI. A produção dos dados foi realizada por meio de entrevistas em profundidade em uma sala reservada da unidade de saúde no período de 25 de Maio a 10 de Agosto de 2016. Utilizou-se um instrumento semiestruturado dividido em duas partes: caracterização dos participantes e perguntas abertas sobre a temática. Os dados foram processados com suporte do software IRAMUTEC e analisados por meio da Classificação Hierárquica Descendente (CHD). A pesquisa teve aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Piauí CAAE 53300416.0.0000.5214 e número do parecer 1.576.974. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram identificadas 424 Unidades de Contexto Elementar classificadas em 509 segmentos de texto que representam 83.30% do corpus. Os resultados apresentam-se em cinco classes, a saber: Classe 1 – HIV/Aids: um problema de jovens – nesta classe os idosos apontam os jovens como o grupo mais vulnerável ao HIV/Aids pela facilidade de serem influenciados por amigos. Os idosos se excluem dos riscos de adquirir o vírus, Classe 4 – Tratamento para uma melhor qualidade de vida de pessoas que vivem com o HIV/Aids – observa-se mudança na representação da Aids que passa a ser vista como uma doença crônica em decorrência da terapia antirretroviral, Classe 5 – Vulnerabilidade ao HIV/Aids de mulheres heterossexuais em união estável – os idosos atribuem o risco de contágio a mulheres em união estável e apontam os companheiros masculinos como responsáveis pela contaminação ancorando-se em elementos culturais brasileiros, como o patriarcalismo e a visão de que o homem é o único responsável pela prevenção do casal, vitimizando a figura feminina, Classe 2 – Rede de informações sobre HIV/Aids: Processo de criação e transformação das Representações Sociais – é possível observar a interação social entre idosos e como as informações sobre o HIV/Aids são compartilhadas. É notória a influencia da mídia televisiva no processo de criação, evolução e transformação das Representações Sociais do HIV/Aids, Classe 3 – Prevenção versus Estigma – Nesta classe observa-se a citação da camisinha como principal método preventivo associado a informações sobre as formas de transmissão do vírus, porém a prática sexual de homens que fazem sexo com homens é mencionada como fator determinante na transmissão do vírus.Conclui-se que as Representações Sociais elaboradas por idosos situam-se em classes de sentido que assimilam o HIV/Aids como um problema típico de jovens, também estendida às mulheres em relacionamento heterossexual; que ainda carrega o estigma da morte e atribuído à grupos de homossexuais, especialmente pelo reforço que a mídia exerce neste sentido; percebida especialmente como uma doença do outro. Por não adotarem uma cultura prevencionista, outras investigações são necessárias a fim de se identificar formas estratégicas para sensibilizar a população idosa sobre suas vulnerabilidades e diminuição do estigma.