Introdução: O consumo de bebida alcoólica é fator de risco para o surgimento de problemas de saúde, consequências familiares, sociais e laborais. Ressalta-se um crescimento preocupante do padrão de consumo no universo feminino. Nesse universo, atenção especial deve ser dada às gestantes, visto que o uso de álcool durante a gravidez pode atingir o feto e produzir graves consequências para o desenvolvimento da criança, muitas delas com sequelas que invadem a vida adulta. Objetivo: realizar o rastreio do consumo de bebida alcoólica entre gestantes atendidas na atenção primária do Piauí. Metodologia: estudo transversal, descritivo, realizado mediante utilização do banco de dados, parte do macroprojeto intitulado “Violência, consumo de álcool e drogas no universo feminino: prevalências, fatores de risco e consequências à saúde mental. Os dados do banco de interesse desse estudo foram coletados de agosto de 2015 a março de 2016, por meio da aplicação do Alcohol Use Desorders Identification Test (AUDIT) e de um questionário estruturado e multidimensional contendo perguntas relacionadas aos aspectos socioeconômicos e às condições de saúde. Foram analisados dados de 75 mulheres que informaram estarem grávidas durante a coleta. Utilizou-se o software Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 22.0 e foram realizadas estatísticas descritivas, como medidas de tendência central (frequência simples, média, moda, mediana, intervalo mínimo e máximo). O desenvolvimento do estudo ocorreu em conformidade com as exigências das diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, regidas pelas Resoluções n.º 466/2012 e n.º 510/2016. Resultados: A amostra caracterizou-se, predominantemente, por gestantes na faixa etária de 20 a 29 anos, não brancas, católicas, com companheiro, com oito anos ou mais de estudo e renda menor ou igual a dois salários mínimos. A maioria sem gestação anterior, sem morbidade e sem planejamento da gestação. A prevalência do consumo de álcool, a partir do AUDIT, foi de 40,0% para as gestantes, com padrão de consumo mensal. Conclusão: o rastreamento do consumo de bebidas alcoólicas entre gestantes na atenção primária deve ser utilizado para observar aspectos da saúde materno-infantil e para priorizar ações de educação em saúde. Faz-se necessário a formulação e o fortalecimento de estratégias e políticas públicas que abordem tais problemáticas no contexto de uma assistência integral e humanizada à saúde das mulheres.