Introdução: A COVID-19, causada pelo vírus Sars-CoV-2, é uma doença nova que se instalou em todo o mundo, de forma devastadora e tornou-se um desafio para todo o sistema mundial de saúde, especialmente para os profissionais de saúde, gerando preocupação com a saúde mental. Além disso, os desafios enfrentados pelos profissionais da saúde, da linha de frente, podem ser um gatilho para o desencadeamento ou a intensificação de sintomas de ansiedade, depressão e estresse. Objetivo: Analisar a prevalência de ansiedade, depressão e estresse e sua relação com fatores associados entre profissionais da saúde pós-pandemia COVID-19. Método: Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, transversal, de abordagem quantitativa, realizado em um hospital público de referência para o gerenciamento de casos moderados e graves de COVID-19 em Teresina-PI, com 201 profissionais da saúde, dentre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem, de ambos os sexos, com carga horária semanal de trabalho igual ou superior a 24 horas e que prestaram atendimento de no mínimo três meses às pessoas infectadas, seja em modalidade hospitalar ou intensiva. A coleta de dados foi realizada no período de julho a setembro de 2023, por meio de um formulário contendo dados sociodemográfico, ocupacionais e clínicos, além da utilização da Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (DASS 21). Para a elaboração do banco de dados, empregou-se o software Microsoft Office Excel e adotou-se a técnica de validação por meio da digitação em planilha com dupla entrada. Subsequentemente, as informações foram transferidas para o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 26.0. A análise descritiva contemplou medidas de posição, como média e mediana, e medidas de variabilidade, como desvio padrão, amplitude, máximo e mínimo, para as variáveis quantitativas. Já para as variáveis categóricas, foram utilizadas a frequência absoluta e relativa. Para a análise inferencial, foi conduzido o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade da amostra. A associação entre variáveis qualitativas foi avaliada por meio do teste Qui-Quadrado (X²) de Pearson. Para as variáveis quantitativas não paramétricas, foi empregado o teste de comparação U de Mann-Whitney. Posteriormente, utilizando o teste de WALD, realizou-se uma regressão logística binária. As variáveis foram inseridas no modelo por meio do método enter, sendo considerada significativa a inclusão das variáveis independentes com um critério de p<0,05. Os Odds Ratio (OR) foram calculados com intervalos de confiança de 95%. A pesquisa foi aprovada, conforme atestado pelo Parecer 5.637.826 do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí (CEP/UFPI). Resultados: Após análise dos dados, os resultados foram divididos em três manuscritos. O primeiro: “Saúde mental pós-COVID-19 de profissionais da saúde em hospital universitário”, evidenciou que dos participantes da pesquisa, 56,3% apresentaram sinais de depressão, 76,6% de ansiedade e 42,7% de estresse, variando entre leve e extremamente severo. Além disso, observou-se que as variáveis “raça”, “Em qual setor você trabalha(ou)?” e “Como você considera sua carga de trabalho no setor COVID-19?” foram fatores de proteção para o estresse. O segundo: “Autopercepção de saúde de profissionais da saúde pós-COVID-19 e fatores associados” mostrou que as variáveis associadas a autopercepção de saúde foram religião (p=0,023), setor que trabalhou durante a pandemia (p=0,014) e contrato de trabalho (p=0,050). Além disso, o estudo revelou que ser da religião católica foi um fator protetor para melhor autopercepção de saúde (p=0,004; OR[IC95%]=0,174[0,053-0,572]); e trabalhar no setor enfermaria COVID-19 durante a pandemia aumentou em 2,961 para autopercepção de saúde regular (p=0,004; OR[IC95%]=2,961[1,402-6,255]). O terceiro: “Suporte social e percepção de saúde autorreferidos por profissionais da saúde no período pós-COVID-19: estudo analítico”, revelou que ter um relacionamento bom com o chefe/supervisor foi associado a uma melhor autopercepção de saúde (OR=0.122, IC95%=[0.101-0.455], p=0.018) e ter um relacionamento muito bom apresentou ainda maior associação (OR=0.267, IC95%=[0.117-0.610], p=0.002). Conclusão: É inegável dizer que a presença da COVID-19 exacerbou desafios já presentes no ambiente profissional dos profissionais de saúde. Aspectos físicos, emocionais e estruturais, em conjunto com as mudanças na saúde devido à COVID-19, contribuíram para a deterioração da saúde mental desses profissionais, especialmente problemas relacionados a ansiedade, seguindo da depressão, bem como de fatores associados.