PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E CLÍNICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM ESTOMAS.
Estomia; Saúde da criança; Enfermagem; Perfil.
A confecção de um estoma em criança constitui medida terapêutica cirúrgica, de caráter provisório ou definitivo, para muitas doenças ou situações clínicas agudas ou crônicas. É uma situação que pode gerar alterações biopsicossociais, o que resulta na necessidade de cuidados à criança bem como aos pais, familiares e aos cuidadores. As causas de estomias em crianças decorrem principalmente da má formação congênita, obstruções intestinais e lesões decorrentes de trauma. No lactente, têm- se como causa a enterocolite necrosante, o ânus imperfurado e a Doença de Hirschsprung; nas crianças maiores são as doenças inflamatórias intestinais e as ureterostomias na correção de defeitos da bexiga e da porção distal dos ureteres. O objetivo deste estudo foi caracterizar o perfil sociodemográfico, clínico de crianças e adolescentes com estomias atendidas em um hospital público de referência na assistência à saúde da criança e adolescente. Trata-se de estudo descritivo transversal, realizado em um hospital, em Teresina PI. Após a aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, parecer de número 1.115.941, foi realizada a entrevista com os pais de 55 crianças/adolescentes atendidas no referido hospital entre os meses de julho a outubro de 2015 e os critérios de inclusão foram crianças e adolescentes atendidas no hospital e que tivessem algum estoma. Houve predomínio do sexo masculino (60%), cor parda (58,2%), sendo a média de idade de 4,1 anos, procedentes do interior do Piauí (58,2%). A maioria das crianças e adolescentes não frequentava a escola (81,8%), em relação à renda familiar a maioria recebia entre 1 a 2 salários mínimos (47,3%) e moravam em casa própria (80%). Quanto às causas básicas para a confecção do estoma predominou as malformações congênitas (69,1%) seguida da paralisia cerebral (20%) e o diagnóstico médico de anomalia anorretal (32,3%). Em relação ao sistema orgânico, o gastrintestinal foi o mais acometido (68%) e a colostomia (40,7%) foi a mais frequente das estomias seguido da gastrostomia (21,8%), houve predomínio de estomas temporários (43,6%). Quanto às características morfológicas do estoma, a maioria era de coloração vermelho-vivo (58,2%) e protruso (49,1%) Evidenciou-se neste estudo o predomínio de crianças e adolescentes portadoras de estomas de eliminação que não utilizavam equipamento coletor (79,4%). Em relação às complicações do estoma, a saída acidental da sonda da gastrostomia foi a mais comum (50%) seguida do sangramento do estoma (37,5%), a complicação da pele periestomal mais comum foi a hiperemia (92,3%). Em (89,2%) dos sujeitos, a mãe foi a cuidadora principal e a maioria dos pais (81,8%) foi orientado pela equipe de saúde em relação aos cuidados com o estoma. A realização desta pesquisa possibilitou conhecer o perfil sociodemográfico de crianças e adolescentes estomizadas, o que poderá contribuir para o replanejamento da assistência de enfermagem, bem como a reestruturação do serviço de saúde a fim de atender a essa clientela, além disso, observou-se a necessidade de educação continuada para os profissionais de saúde em especial enfermeiros, no sentido de capacitá-los sobre os cuidados aos estomizados, para que assim tenha o conhecimento necessário para prestar assistência e repassar as orientações adequadas aos pais e cuidadores.