INTRODUÇÃO: Os idosos representam um grupo vulnerável à ocorrência de feridas crônicas, por apresentarem uma série de fatores associados ao processo de envelhecimento e às comorbidades, que os predispõem ao surgimento de feridas e ao retardo do processo de cicatrização. Além disso, apresentam desigualdades em saúde que geram maiores demandas de assistência para o tratamento desses agravos, provocadas por condições do contexto social, como renda, educação, ocupação, estrutura familiar, disponibilidade de serviços, saneamento, exposição a doenças, apoio social e acesso a ações preventivas. OBJETIVOS: O presente estudo teve como objetivo analisar a prevalência de feridas crônicas e os fatores associados em idosos assistidos na atenção básica do município de Teresina, Piauí. MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa epidemiológica, analítica, transversal, realizada de dezembro de 2015 a março de 2016, com idosos assistidos por equipes urbanas da Estratégia Saúde da Família das três Diretorias Regionais de Saúde do município de Teresina. A amostra foi composta por 339 indivíduos selecionados por amostragem estratificada proporcional. RESULTADOS: Observou-se que a idade média foi de 71,1 anos, predominância do sexo feminino com 67,3%, 54% com companheiro, 44% sem escolaridade, 85% apresentavam renda familiar de 1 a 3 salários mínimos e 13,9% mantinham trabalho remunerado. Ter uma ou mais doenças de base predominou em 91,7% dos entrevistados, sendo as mais encontradas hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia, 83,5% apresentavam independência funcional, 37,2% tinham algum tipo de restrição alimentar, 36,9% referiram perda de peso, 76,1% não praticavam atividade física. A prevalência de ferida crônica foi de 11,8% (IC95%8,6-15,3), sobressaindo-se as lesões por pressão. Lesão única predominou, com localização em regiões sacra, plantar e terço distal da perna. A pontuação média do PUSH foi de 11,3 (±3,6) e a média de duração 22,5 meses (±35,9). O curativo era realizado no domicílio em 90% dos casos, pelo cuidador ou pelo próprio idoso. Apresentaram associação estatística significante com a ocorrência de ferida crônica: faixa etária (p=0,03), desenvolver alguma atividade (p<0,01), atividade física (p<0,01), variação do peso (p<0,01), ingestão alimentar (p<0,01) e mobilidade no leito (p<0,01). Foram associados à condição de cicatrização: escolaridade (p=0,02) e tratamento medicamentoso (p=0,03). Desenvolver nenhuma atividade e não praticar atividade física aumentaram em 1,5 vezes e 2,3, respectivamente, as chances de apresentar ferida crônica. Os idosos que se movimentam com ajuda e que tinham restrição alimentar apresentaram, respectivamente, 90% e 70% mais chances de apresentar uma ferida crônica. CONCLUSÃO: A prevalência de feridas crônicas entre idosos na atenção básica foi elevada e a sua ocorrência e o retardo do processo de cicatrização estão associados às características sociodemográficas, econômicas e clínicas da população estudada, o que reforça o papel desses aspectos como determinantes da saúde do idoso com ferida crônica.