INTRODUÇÃO: A hanseníase é uma doença crônica de evolução insidiosa, cuja magnitude e transcendência refletem o histórico de estigma sofrido pelas pessoas, como também evidenciam a dificuldade dos serviços de saúde em atingir o controle do agravo. A Organização Mundial de Saúde enfatiza que a qualidade dos serviços de hanseníase refere-se à oferta de atenção efetiva e segura que contribui para o avanço da universalidade da saúde, bem-estar e a satisfação dos usuários, com ênfase na promoção da detecção precoce por exames regulares, acessibilidade ao diagnóstico e à assistência. OBJETIVO: Avaliar a qualidade da atenção à hanseníase na rede pública de saúde em município hiperendêmico no Estado do Piauí. MÉTODO: Trata-se de pesquisa avaliativa desenvolvida com 177 profissionais e 23 unidades de saúde municipais. A coleta dos dados foi realizada de novembro de 2015 a julho de 2016, em três etapas: observação direta das unidades por meio de check-list entrevista com profissionais utilizando-se formulário e levantamento dados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação- SINAN, referente ao ano de 2014. Os dados foram digitados no Epi Info versão 7.1.5.2 e analisados com a utilização do Stata versão 13.0. Foram realizadas análises univariadas, por meio de estatísticas descritivas simples e na análise bivariada utilizou-se a Razão de Verossimilhança com nível de significância fixado em p≤0,05. RESULTADOS: a maioria dos profissionais 128 (72,32%) foi composta por Agentes Comunitário de Saúde, 135 (76,27%) pertencem ao sexo feminino e 150 (84,75%) são estatutários. Quanto às unidades, 2 (08,70%) não possuem acessibilidade, 11 (47,83%) dispõem de profissionais capacitados no manejo básico do agravo e nenhuma unidade possui protocolo para conduta das possíveis complicações. No tocante às ações voltadas para a hanseníase 93 (52,54%) profissionais referiram não realizar exame de contato na US ou domicílio, por não haver estrutura necessária nos serviços, e apenas 27(55,10%) preenchem a ficha de avaliação neurológica simplificada. Quanto à classificação da estrutura das unidades, 04 (17,40%) foram adequadas, 08 (34,78%) pouco adequadas e 11 (47,82%) inadequadas. Nenhuma unidade foi classificada como adequada na perspectiva do processo. Destaca-se que houve associação estatisticamente significante do percentual de avaliados no diagnóstico com o processo (p=0,015). CONCLUSÃO: Os resultados desta pesquisa proporcionaram evidências quanto a diversos fatores que podem interferir na qualidade da assistência ofertada. Destaca-se que a adequação da estrutura e do processo das unidades, para melhoria dos resultados faz-se necessária para o melhor atendimento ao agravo que ainda é negligenciado.