Introdução: Nas últimas décadas, as questões associadas à segurança do paciente tornaram-se um dos assuntos prioritários na área da saúde. Assim, é recomendado pela Organização Mundial de Saúde que as instituições de ensino priorizem o processo de formação dos envolvidos na assistência na perspectiva da promoção da segurança do paciente, especificamente, dos técnicos de enfermagem, por sua representatividade e importância para o cuidado seguro. Objetivo: Analisar a formação de técnicos de enfermagem para a segurança do paciente. Método: Abordagem multimétodos, conduzida em três etapas. A Etapa 1, composta pela análise documental balizada pelo projeto pedagógico, matriz curricular, ementários e planos de disciplinas dos cursos técnicos de enfermagem de uma instituição pública de ensino do Piauí. Foram denominados de Curso A, B e C. Na Etapa 2 correspondente ao estudo qualitativo, realizou-se entrevista semiestruturada com 24 docentes a fim de compreender como eles desenvolviam o ensino da segurança do paciente. Foi realizada análise temática na perspectiva de Minayo e a interpretação dos resultados à luz do Guia Curricular de Segurança do Paciente e dos conceitos do teórico Paulo Freire. Na Etapa 3 efetuou-se estudo quantitativo do tipo survey, com 84 discentes para identificação dos conteúdos relacionados à segurança do paciente na formação, utilizando-se instrumento validado. Para análise dos dados realizou-se estatística descritiva e analítica. A coleta de dados ocorreu entre junho de 2018 a dezembro de 2019, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí. Resultados: Na Etapa 1, os documentos foram analisados, constatando-se a inexistência do termo “segurança do paciente” nos projetos dos três cursos. A segurança do paciente não foi abordada de forma explícita, na amplitude e profundidade devidas, revelando um currículo fragmentado. Os itens “Prevenção e controle da infecção” e “Melhora na segurança da medicação” foram os mais identificados nos três cursos. Na Etapa 2, referente ao estudo qualitativo, emergiram três categorias: Compreensão dos docentes acerca do tema Segurança do Paciente na formação do técnico de enfermagem; Aplicação do tema Segurança do Paciente na formação do técnico de enfermagem; Projeções dos docentes quanto ao ensino da Segurança do Paciente na formação do técnico de enfermagem. Na Etapa 3, referente ao estudo quantitativo, dos 46 termos rastreadores, no Curso A 36(78,3%) foram identificados no contexto teórico prático e 10(21,7%) no teórico. No Curso B, 19 (41,3%) foram predominantes no ensino teórico prático, 26 (56,5%) no ensino teórico e 1(2,2%) desconhecido. No Curso C, 25 (54,3%) termos rastreadores foram identificados no ensino teórico prático, 20 (43,5%) no ensino teórico e 1(2,2%) desconhecido. O teste de Kruskal-Wallis mostrou que há efeito do local do curso realizado sobre o número de termos rastreadores no contexto teórico prático e teórico. Conclusão: A formação do discente técnico de enfermagem demonstrou não contemplar, integralmente, em seu processo ensino aprendizagem, questões de segurança do paciente. Portanto, esse aspecto configura-se ainda como um desafio para instituições de ensino de curso técnico em enfermagem que devem atentar-se a essa questão a fim de formar profissionais aptos a proporcionar uma assistência com segurança.