Introdução: a terceira etapa é primordial para a garantia dos cuidados ao bebê no domicílio, uma vez que ele dá continuidade ao que foi iniciado no ambiente hospitalar, principalmente por meio da Atenção Básica, momento em que os enfermeiros avaliam as fragilidades e potencial necessidades que os pais e filhos podem apresentar no domicílio. A partir desse diagnóstico, reforçam as orientações e avaliam as condições maternas quanto aos aspectos ginecológicos e psicológicos. Entretanto, a participação dos enfermeiros da atenção básica no Método Canguru ainda é retraída e o cuidado ao bebê prematuro e/ou de baixo peso rodeado de inseguranças e incertezas. Objetivo: construir uma matriz teórica explicativa a partir dos significados atribuídos ao acompanhamento dos recém-nascidos prematuros e/ou de baixo peso na terceira etapa do Método Canguru na Atenção Básica pelos enfermeiros. Metodologia: utilizou-se a abordagem qualitativa, tendo como referencial metodológico a Teoria Fundamentada nos Dados e o interacionismo simbólico como referencial teórico. A amostra pode ser considerada intencional, composta por 8 enfermeiros da Atenção Básica. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas em profundidade, realizadas entre 14 de dezembro de 2021 e 28 de março de 2022. As entrevistas foram gravadas com consentimento dos participantes e transcritas na ntegra, totalizando 1 hora, 3 minutos e 49 segundos de entrevista. Em seguida, procedeu-se as codificações sistemáticas e a elaboração de categorias preliminares com seus respectivos códigos. Os participantes foram selecionados por meio da experiência com recém-nascidos, bem como, conhecimentos e habilidades teórico-práticas para lidar com esse público. Este estudo possui consentimento do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí e dos locais do estudo, parecer n. 4.971.432. Resultados: os dados trouxeram a materialização de uma categoria central: desafiando-se na assistência ao RN prematuro e/ou de baixo peso na Atenção Básica diante dos limites da continuidade no atendimento e na operacionalização de rotinas assistenciais individualizadas; cinco categorias iniciais: Reconhecendo a rotina assistencial; Percebendo os recém-nascidos prematuros e/ou de baixo peso; Entendendo o sistema de referência e contrarreferência; Compreendendo os entraves na eficácia do Método Canguru na Atenção Básica; Criando estratégias para endossar o Método Canguru na Atenção Básica; e 15 subcategorias: Generalizando a rotina assistencial; Especificando a rotina assistencial; Desvelando a importância do Método Canguru ao recém-nascido prematuro e/ou de baixo peso; Revelando a visão do enfermeiro; Afirmando as necessidades individuais; Apresentando as limitações da funcionalidade do sistema; Afirmando a importância da continuidade da assistência; Enfatizando a restrição das visitas domiciliares; Priorizando o serviço especializado; Responsabilizando o hospital; Expressando a incipiência do enfermeiro; Revelando os sentimentos e dificuldades das mães no cuidado ao recém-nascido; Buscando ações inovadoras; Utilizando a comunicação; Envolvendo equipe multiprofissional; que, unidas, formam o arcabouço explicativo do fenômeno. Conclusão: a matriz ilustrou, através da análise sistemática e contínua dos dados emergidos das falas dos participantes, desafiando-se na assistência ao RN prematuro e/ou de baixo peso na Atenção Básica diante dos limites da continuidade no atendimento e operacionalização de rotinas assistenciais individualizadas.