PREVALÊNCIA DO HIV E FATORES ASSOCIADOS EM INTERNOS DO SISTEMA PRISIONAL DO PIAUÍ
HIV, Prevalência, Prisões, Enfermagem
A infecção pelo HIV concretiza-se como grande problema de Saúde Pública. O Ministério da
Saúde estima aproximadamente 734 mil pessoas vivendo com HIV/Aids no Brasil. A OMS
define populações-chave os segmentos populacionais que devido adoção de comportamentos
que conferem alto risco específicos, possuem maiores chances de infecção pelo HIV. Dentre
as populações específicas, destaca-se a população privada de liberdade, pois o confinamento
estimula práticas que aumentam o risco de transmissão de doenças infecciosas. Esta pesquisa
tem como objetivo: Analisar a prevalência da infecção pelo HIV e fatores associados em
internos de presídios do Estado do Piauí. Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo
transversal, desenvolvido com 2.131 presidiários do Piauí. A coleta de dados foi realizada nos
meses de novembro/2013 a maio/2014, por meio da aplicação de formulário pré-testado e
realização de teste rápido para diagnóstico do HIV. Os dados foram digitados e analisados
com a utilização do software SPSS versão 19.0. Foram realizadas análises univariadas, por
meio de estatísticas descritivas simples. Na estatística inferencial foram aplicados testes de
hipóteses bivariados e multivariados, com a utilização de regressão logística simples (Oddis
ratio não ajustado) e múltipla (Oddis ratio ajustado). O nível de significância foi fixado em
p≤0,05. Os resultados foram: 2.131 presidiários participaram do estudo, 1.116 (52,4%) eram
residentes do interior do Estado, 1.037 (48,6%) estavam na faixa etária de 23 a 32 anos, 1.977
(92,8%) eram do sexo masculino e 1.342 (63,0%) referiram escolaridade compatível com
ensino fundamental incompleto, 1.312 (61,6%) se declararam pardos, 1.235 (58,0) em
situação conjugal solteiros/separados/viúvos e 793 (37,2%) sem renda pessoal. Quanto a
prevalência do HIV foi de 1,0% (IC95% = 0,6-1,4). Houve associação estatisticamente
significativa entre o HIV positivo e as variáveis: uso de drogas ilícitas, ter prática sexual com
parceiros do mesmo sexo, selecionar parceiros por atributos físicos, não usar preservativo por
não sempre dispor e praticar sexo por via vaginal. Permaneceram estatisticamente associadas
após analise multivariada: prática sexual com parceiros do mesmo sexo (p=0,05), seleção de
parceiros por atributos físicos (p=0,04) e prática de sexo por via vaginal (p<0,01). Os
resultados desta pesquisa evidenciam a necessidade de ações públicas de saúde, incluindo
articulação entre esferas governamentais e entre gestão da saúde e da justiça, para elaborar
estratégias de modo a contemplar a demanda de saúde dos internos do Sistema Prisional do
Estado. Faz-se oportuna a ampliação de ações relacionadas ao diagnostico do HIV na
admissão e rotina, atividades contínuas de educação em saúde, capacitação dos profissionais
de saúde que compõem a equipe da justiça para fortalecer a promoção da saúde, prevenção e
controle das DST/HIV/Aids.