ACIDENTES DOMÉSTICOS COM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS
Acidentes domésticos. Crianças. Fatores de risco. Enfermagem Pediátrica.
INTRODUÇÃO: Os acidentes domésticos com crianças menores de cinco anos são apontados como uma das principais causas de mortalidade e morbidade na população com idade entre um a 14 anos em todo o mundo. Consistem em situações complexas e revelam um grave problema de saúde pública, pois além dos custos sociais, econômicos e emocionais, são também responsáveis por eventos não fatais e sequelas que, em longo prazo, repercutem na família e na sociedade, penalizando crianças e adolescentes. OBJETIVO: analisar a ocorrência de acidentes domésticos com crianças menores de cinco anos. METODOLOGIA: Estudo analítico com delineamento transversal, realizado com 330 cuidadores da zona urbana de Floriano-PI. Utilizou-se um formulário, feito observação do ambiente e preenchido um check-list. Realizou-se análises simples, bivariadas e multivariadas, utilizando-se da regressão logística múltipla hierarquizada. RESULTADOS: Os cuidadores foram constituídos por mulheres (98,5%), faixa etária de 20 a 29 anos (49,1%), com ensino médio (57,0%), pertencentes à classe econômica DE (78,8%), casadas/união estável (67,3%), sendo 67,9% prestadores de serviços domésticos. Das residências visitadas 52,4% possuíam de 4 a 5 pessoas, com apenas uma criança (45,2%), que não ficam sozinhas (91,5%) e quando ficam, a avó quem cuida (44,2%). Os acidentes aconteceram no domicílio em 97% dos casos, sendo mais comum as quedas (88,2%), pela manhã (44,8%), na área externa da casa (30%), a face a parte do corpo mais atingida (47,3%). Na associação entre fatores de risco relacionados a infraestrutura/ambiente do domicílio com a ocorrência de acidentes obteve-se a presença de escada ou degraus sem corrimão, local de brincadeiras com espinhos, pregos, cacos de vidro e outros e a presença de plantas/jardim ou quintal (99,4%) estatisticamente relevante. Na associação entre fatores de risco relacionados à disposição de objetos e móveis com a ocorrência de acidentes encontrou rede alta, saídas e passagens mantidos com brinquedos, móveis, caixas ou outros itens que possam ser obstrutivos, ventiladores ligados ao alcance das crianças, produtos de limpeza, inseticidas guardados em locais baixos e domicílio possui cortinas ou mosqueteiros. A associação entre fatores de risco relacionados às práticas dos cuidadores e/ou comportamento das crianças obteve-se brincam com madeiras e paus não polidas, os alimentos como amendoim, pipoca, certos doces duros, chicletes dados às crianças e alimentos sólidos oferecidos à criança. Na análise multivariada o número de pessoas residentes na casa (OR=1,625), escadas ou degraus sem corrimão (OR=15,998) e alimentos sólidos oferecidos à criança (OR=16,686) permaneceram no modelo final, explicando 43,5% da ocorrência dos acidentes domésticos. DISCUSSÃO: A regressão mostrou que o número de residentes em casa acima de quatro pessoas aumentam as chances da ocorrência do acidente em 1,6 vezes; a presença de escadas ou degraus sem corrimão aumenta em 15,9 e Alimentos sólidos são oferecidos à criança em 16,6 vezes as chances da ocorrência do acidente domiciliar. CONCLUSÃO: A pesquisa evidencia a importância da participação dos profissionais de saúde na elaboração e na atuação nos programas de prevenção de acidentes domésticos.