Os assuntos morte e morrer têm sido negligenciados pelas instituições de formação na saúde, o que gera sofrimento entre profissionais e estudantes quando enfrentam a questão na prática, além de condutas inapropriadas diante dos pacientes que vivenciam o processo de morte. Nas últimas décadas tem-se incrementado o número de estudos que investigam as atitudes perante a morte em profissionais da saúde e, em especial, os da enfermagem. Entretanto, escasseiam-se investigações que criem ou que adaptem escalas para o português, ao mesmo tempo em que os poucos instrumentos utilizados para medir essas atitudes são unidimensionais e focam na ansiedade e medo da morte. Em contrapartida, um dos instrumentos mais utilizados em pesquisas internacionais para mensurar com êxito as atitudes perante a morte é o designado Death Attitude Profile Revised (DAP-R) de autoria de Wong, Reker e Gesser. Esse instrumento se diferencia por ser uma medida multidimensional que avalia um amplo conjunto de atitudes, sendo baseada na análise conceitual de aceitação da morte. O objetivo deste trabalho foi adaptar e validar de conteúdo o DAP-R ao contexto brasileiro. Foi realizado um estudo metodológico que compreendeu as etapas de tradução inicial, síntese das traduções, retrotradução, comitê de especialistas e pré-teste, para o processo de adaptação transcultural, o qual precedeu a validação de conteúdo. O estudo cumpriu todas as recomendações da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Na primeira etapa foram confeccionadas versões da escala por dois tradutores independentes (T1 e T2). Na etapa seguinte, as discrepâncias existentes entre as traduções foram evidenciadas e discutidas pelos tradutores e a pesquisadora, sendo elaborada uma versão síntese das traduções (T12). Esta, por sua vez, foi submetida à retrotradução por dois profissionais, de forma cega em relação às traduções, resultando em duas versões na língua inglesa (RT1 e RT2). O comitê de especialistas, composto por cinco juízes analisou as equivalências semântica, idiomática, experimental e conceitual entre as versões obtidas (T1, T2, T3, RT1 e RT2) e o instrumento original e, mediante consenso, compôs uma versão pré-final em português que foi submetida ao pré-teste realizado com 40 estudantes de enfermagem do Piauí. Além da versão pré-final foi aplicado um questionário contendo dados sociodemográficos, perfil acadêmico e experiência assistencial. A versão final obtida após a discussão de palavras ou expressões que causassem dúvidas e com a modificação de apenas um item foi submetida à validação de conteúdo. O coeficiente de validade de conteúdo final da escala atingiu valores de 0,85 para clareza de linguagem e relevância teórica e de 0,86 para pertinência prática. Em relação às dimensões teóricas obtivemos um kappa médio entre avaliadores substancial (0,709). A escala adaptada ao contexto brasileiro na análise preliminar dos dados sobre consistência interna, realizada por meio do cálculo do coeficiente de Cronbach, apresentou uma confiabilidade considerada alta (α = 0,892). Ainda que seja necessário testar as propriedades psicométricas, o processo de adaptação transcultural do Death Attitude Profile Revised resultou em uma versão final adaptada confiável, com conteúdo válido (clara, pertinente e relevante), que preservou as equivalências quando comparado à versão original.