As quedas representam uma das principais causas de internação de idosos nos serviços de emergência, e tem como principal consequência o comprometimento da independência funcional. Estudo longitudinal, que objetivou avaliar a independência funcional de idosos vítimas de queda internados em serviço hospitalar de urgência da cidade de Teresina. Participaram da pesquisa 151 idosos, que foram entrevistados para caracterização demográfica, econômica e clínica e aplicação da Medida de Independência Funcional (MIF). A independência funcional foi avaliada antes da queda (recordatório), na internação hospitalar e 30 dias após a alta, no domicílio. Os dados foram analisados por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences – SPSS, sendo realizadas análises estatísticas descritivas e inferenciais. Foram utilizados coeficientes de alfa de Cronbach, correlações intraclasse, Spearman e Pearson, teste de Wilcoxon, testes T para amostras pareadas e para amostras independentes, teste U de Mann-Whitney, ANOVA e Kruskall-Wallis. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí com o parecer nº 1.409.901. Dos participantes, 81,5% eram do sexo feminino, com idade média de 75,1 anos e 64,9% idosos mais jovens; 73,5% não eram alfabetizados; 44,4% referiram ser casados/união estável e 41,1% viúvos; 78,1% moravam com duas ou mais pessoas; 87,8% eram aposentados e 86,8% viviam com mais de um salário mínimo. Foi encontrado déficit cognitivo em 26,5% dos idosos; 9,9% eram etilistas e 7,3% tabagista; 48,3% referiram ter duas a três doenças e 41,1% tomavam de dois a três medicamentos; 57,6% referiram automedicação; antes de cair, 60,3% dos idosos utilizavam algum recurso auxiliar para andar ou corrigir problemas visuais; apenas 19,2% praticavam exercício físico antes da queda e nenhum voltou a praticar 30 dias após a alta hospitalar. Do total, 68,2% referiram doenças do sistema cardiovascular e 57,6% ósteoarticulares. Dos participantes, 70,9% faziam uso de anti-hipertensivos e 51,0% de antiinflamatórios e imunossupressores. As principais lesões foram as fraturas da extremidade distal do rádio (25,8%), do colo do fêmur (23,2%) e as pertrocanterianas (19,2%). O tempo médio de permanência hospitalar foi de 7,46 dias e 97,3% dos idosos realizaram cirurgia com fixação interna. Quanto a independência funcional: ao comparar os valores da MIF antes da queda e no domicílio, houve importante diminuição do número de idosos independentes, que passou de 77,5% para 17,2%; neste seguimento os idosos não tiveram sua independência funcional totalmente reabilitada, sendo mais afetado o domínio motor, com diminuição, principalmente, das atividades de autocuidado e mobilidade. A regressão logística multinomial apresentou como fatores associados à independência funcional: número de medicamentos, idade, estado cognitivo, doenças que afetam o sistema nervoso central, fratura do fêmur e quadril, tempo de internação, tabagismo e ser aposentado. Conclui-se que os idosos eram independentes antes do acidente, desenvolveram maior dependência no hospital e permaneceram dependentes um mês após a alta, com maior impacto no domínio motor e dimensões de autocuidado e mobilidade. A independência esteve relacionada com aspectos demográficos e clínicos do idoso. São necessárias ações intersetoriais para prevenção de incapacidades no idoso, fundamentadas nos determinantes para promoção de um envelhecimento ativo, em que a pessoa idosa viva com autonomia e independência.