Os cuidados de enfermagem são definidos como omitidos quando qualquer aspecto do cuidado necessário ao paciente é omitido ou adiado, podendo ocasionar desfechos inadequados, tendo impacto negativo em sua saúde e na qualidade da assistência. Esse estudo tem como objetivo analisar os cuidados de enfermagem omitidos e as razões de sua omissão em instituições hospitalares. Estudo de delineamento quantitativo, exploratório, descritivo e transversal, realizado em duas instituições hospitalares públicas de grande porte em uma capital nordestina. A coleta de dados foi realizada no período de março a junho de 2017 no hospital 1 e setembro a dezembro de 2017 no hospital 2. A população foi composta por enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam na área assistencial, com cálculo amostral por meio de uma população finita que resultou em 347 participantes. Foi aplicado o instrumento MISSCARE, constituído em três partes, sendo no primeiro momento caracterização profissional e laboral, no segundo momento são apresentados os cuidados de enfermagem omitidos e no terceiro momento as razões das omissões dos cuidados de enfermagem. Após término da coleta, os dados foram processados no programa Statistical Package for the Social Science, versão 22.0. Foi realizado a análise de confiabilidade, utilizando o cálculo do coeficiente Alfa de Cronbach e para a análise bivariada foi utilizado as medidas associativas de significância, por meio dos testes Qui-quadrado (x²), Exato de Fisher e Kruskall Wallis. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Piauí com número CAAE 65415817.7.0000.5214 e número de parecer 1.962.234, como também Instituição Coparticipante com número CAAE 65415817.3001.15613 e número de parecer 2081966. Em relação a caracterização houve um predomínio do sexo feminino, com cargo de técnica de enfermagem, com média de idade de 38,6 anos, nível educacional mais elevado o ensino médio, trabalhando nos setores de unidades de terapia intensiva, clínica médica e clínica ortopédica, no período de trabalho diurno com 30 horas semanais, com tempo de experiência no cargo e na unidade de 5 a 10 anos. Os cuidados de enfermagem mais omitidos na instituição 1 foram: deambulação 48 (28,4%), sentar o paciente fora do leito 49 (29%), mudança de decúbito 45 (26,6%), participação em discussão de equipe multidisciplinar 43 (25,4%) e higienização após eliminação 34 (20,1%). No hospital 2 foram: planejamento de ensino da alta hospitalar 56 (31,5%), sentar o paciente fora do leito 49 (27,5%), higiene bucal 72 (40,4%), deambulação 67 (37,6%) e aspiração de vias aéreas 56 (31,5%). Os fatores para a não realização dos cuidados de enfermagem nas duas instituições que apresentaram maiores significância estatística: número inadequado de pessoal (p=0,001), situação de urgência dos pacientes (p=0,002), passagem de plantão inadequada (p=0,001), materiais e equipamentos não estavam disponíveis (p=0,001), materiais e equipamentos não funcionaram quando necessário (p=0,003), membros da equipe não se ajudam entre si (p=0,001), tensão e conflito com outros setores (p=0,003), tensão e conflito com a equipe médica (p=0,001), profissional responsável estava fora da unidade (p=0,001), grande quantidade de altas e admissões (p=0,001), profissional sem postura ética (p=0,001), profissional sem postura ética (p=0,001), falta de preparo dos enfermeiros em liderar (p=0,001), falta de educação em serviço sobre o cuidado a ser realizado (p=0,001), planta física da unidade inadequada (p=0,001), falta de padronização para realização de procedimentos (p=0,001) e número de profissionais de enfermagem que trabalham doentes (p=0,001).